2008/12/13

A Eminência Parda

Na opinião do presidente do PS, o venerando Dr. Almeida Santos, os deputados portugueses são mal pagos. Essa será a razão pela qual se verifica tantas vezes falta de "quorum" no nosso parlamento. Na semana passada, foram os deputados do PSD no hemiciclo; esta semana, os deputados do PS, numa comissão parlamentar.
De acordo com esta "eminência parda", é impossível a um deputado (advogado) estar em dois lugares ao mesmo tempo (!?). Se o advogado (deputado) tiver de comparecer num julgamento, não pode assistir às sessões do parlamento.
A acrescentar a esta situação, que ele (como advogado) compreende muito bem, as votações são sempre às sextas-feiras. Ora, como se sabe (piscadela de olho aos jornalistas) a sexta-feira antecede o fim-de-semana, pelo que muita gente parte mais cedo para fora da cidade... Talvez, mudando o dia das votações para o meio da semana, concluía ele perante uma plateia de jornalistas embasbacados com tal "clarividência".
E eu a pensar que a função de deputado implicava incompatibilidade com funções extra-parlamentares. Decididamente, Almeida Santos é um sábio...

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

O comentário deste "venerando" vem na linha do de outros venerandos do mesmo calibre, nomeadamente o dr. Mário "fait divers" Soares e também do dr. Guilherme "atarantado" Silva.
Todos eles acham normal que os deputados encarem a actividade parlamentar como um gancho.
Faz tudo parte do mesmo e é neste caldo de cultura que germinam as origens do triste regime que temos. É neste caldo de cultura que cresce o exercício do direito à indignação... São várias as vozes, civis e militares, que têm alertado para a possibilidade do caldo entornar.
O que essas vozes andam a dizer é que estes venerandos andam a pisar perigosamente a linha.
Se se vier a revelar que afinal estas vozes tinham razão, há uma coisa que é perfeitamente certa: venerandos ou não, hão-de vir a ser responsabilizados pelo pecado de se terem deixado cair na tentação de fazerem dos outros parvos.
Um pecado mortal em política que mais cedo ou mais tarde se paga.