2008/12/19

Hotel Jerónimos

No meio da catadupa de notícias, ultimamente vindas a lume sobre a insanidade de quem nos governa, aquela sobre o novo regime proposto para os bens públicos é demasiado surrealista para poder ser levada a sério. E, no entanto, o texto é de tal forma abrangente que, segundo diversos especialistas, até a Torre de Belém poderá ser um dia ser posta à venda...
Esta é, de resto, a opinião das 21 associações que fazem parte da Plataforma pelo Património Cultural, a qual publicou já um documento a exigir a suspensão imediata deste processo legislativo. No mesmo sentido, pronunciaram-se especialistas na matéria, como a jurista Maria João Silva (no "Público") que chama a atenção para o texto desta proposta governamental, onde são apenas considerados de domínio público "os bens culturais imóveis que sejam simultaneamente monumentos nacionais e propriedade do estado" podendo estes ser "objecto de uso privativo" para além da "venda e oneração pelas vias do direito privado".
A ser aprovado o projecto-lei, qualquer monumento classificado - da Torre de Belém aos Jerónimos - passaria assim a estar abrangido por este decreto e, nesse sentido, disponível para aluguer, ou mesmo venda a privados (?!). De resto, a jurista citada, dá o exemplo do Mosteiro de Alcobaça, para o qual existe há anos um hotel de charme projectado.
Começamos agora a entender melhor as palavras do Ministro de Cultura, aquando da sua tomada de posse ("fazer mais com menos", disse ele), num ano em que o orçamento do ministério foi reduzido a metade e não ultrapassa hoje os 0,2% do OE. Só um advogado podia pensar em tal receita milagrosa. De facto, porque não alugar os Jerónimos a uma empresa de "catering"? Sempre é uma forma de combater a crise...

2 comentários:

Anónimo disse...

Está a ver; Rui Mota, que o PS não é moderado, e muito menos de esquerda. Basta ler a nova lei do património. Diz tudo sobre tudo. Nem é necessário recorrer a casos tipo BPP ou BPN, nesta lei está lá tudo: o pior da velha direita, o pior dest "nova" esquerda, um ministro da cultura que não é coisa nenhuma a não ser um envergonhadito neo liberal doméstico com roupagem e pose tipo "esquerda caviar" ( a corrente mais próxima do Nuno Melo...), a miséria intelectual (e do quaotidiano), o Jorge Coelho (não tardará a aparecer uma sub empresa do grupo Mota Engil dedicada à gestão económica do património), o Dias Loureiro, está lá todo o nosso país deste final de ano 2008. O resto é propaganda. Coisa que este goveno faz bem. A única.

Rui Mota disse...

Caro Anónimo,

Estamos de acordo.