Neste artigo, os seus autores --todos eles distintos professores universitários-- traçam os limites da teoria económica dominante, atribuem-lhe a origem da presente crise que o mundo atravessa, e postulam que a teoria capaz será aquela que consiga estabelecer uma ponte entre o económico e o institucional, o político o social e o psicológico.
Os autores consideram que "o ensino [da economia] dominante não tem municiado os estudantes para conhecerem o mundo real e para o interpretarem, para saberem que comportamentos emergem, que sistemas institucionais se confrontam, que valores estão em crise e quais os que se reforçam." Tem sido desta matriz que tem saído "uma boa parte dos operadores dos mercados financeiros e gestores de topo que lentamente acumularam decisões insustentáveis culminando na actual crise." E, concluem os autores, "dificilmente o ensino da Economia e da Gestão não estará implicado nas causas da crise."
Não posso estar mais de acordo. E considero saudável que estes autores coloquem agora estas dúvidas e reclamem a "necessidade de responsabilidade e realismo crítico no ensino das Ciências Económicas e Empresariais."
Mas, pergunto: quem ou o que permitiu chegar a esta situação? Não são os professores responsáveis --por acção ou omissão-- pelo ensino que ministram? Não são eles, simultaneamente, tantas vezes os orientadores, as referências, a inspiração ou mesmo os executantes dos postulados que conduziram às tendências políticas que, por sua vez, levaram à crise de hoje? Quem está por trás da teoria tóxica?
E, pergunto finalmente: pensarão as cabeças brilhantes da economia que nós --os "civis" que vivemos fora desse tal universo das "deduções lógico-matemáticas"-- nos deixámos alguma vez enganar? Que o rendilhado do seu discurso alguma vez nos convenceu ou deixou sequer a convicção de um desfecho diferente deste que tivemos? Que não achámos sempre que eram, no fundo, os "cientistas" económicos que iam nus?
4 comentários:
Sem dúvida! Faltou apenas referir que os economistas e gestores são os reis das previsões falhadas. Acrescentaria portanto apenas que os economistas parecem ser, como os meterologistas, uma profissão pouco fiável. Pelo menos os metereologistas ainda nos falam de coisas úteis...
Falem das "teorias económicas", nuas ou vestidas, aos milhões de desempregados no mundo. De hoje e de sempre! Àqueles que por causa das "teorias económicas" deixaram de poder sustentar-se, a si e à família!
Em Portugal parece que o desemprego já é uma realidade socialmente "bem"... Os trabalhadores parecem conformados com as "novas oportunidades" que lhes estão a dar. E o governo demonstra não ter vergonha na cara quando põe aquele ar levezinho e de preocupação beata ao abordar esta questão. Quando aborda...
Na europa o panorama é de alarme geral!
Nos EUA, no mês de Novembro, foram suprimidos mais de 530.000 postos!! São quinhentos e trinta mil, para quem não saiba ler os números...
Mas, se as teorias aconselharem a que se aumente o consumo lá se inventam umas massas para levar os trabalhadores a voltar a consumir. Há "crise", mas lá aparecem elas! E quem as paga?! Sabemos quem...
Ou seja: são os trabalhadores que pagam os desmandos dos banqueiros e pagam depois a revitalização da economia que os "teóricos" deixaram ir por água abaixo.
Não é preciso ir à faculdade para perceber isto.
Ah!... e também há as preocupações dos "ecologistas". Não convém também esquecê-los...
A economia, como outras ciências humanas, nâo é uma ciência exacta. Nâo devemos esperar certezas absolutas. Em última instância, tratam-se de modelos mais ou menos aplicáveis, que por sua vez, dependem de outros factores nem sempre controláveis.
Nesse sentido, a comparaçâo com a meteorologia, faz algum sentido. O que a maior parte dos economistas faz é o mesmo que os marinheiros pouco afoitos: navegam à bolina...
Se o primado da política sobre a economia faz sentido, devemos imputar a responsabilidade das crises aos políticos (que sâo escolhidos pelos cidadâos)e nâo aos economistas.
É assim um pouco como os sociólogos: constatam que está escuro, depois da luz apagada!
Sim, mas o que dizer então dos políticos-economistas? Cá há muitos exemplos... Os "sacerdotes" já foram os advogados. Agora a profissão está um bocado mais desgastada. Agora são mais os economistas (e essa tal cáfila de inúteis e parasitas que são os "gestores", claro!) que passaram a ter o estatuto de guardiões (ou vendilhões) do templo...!
Lindo serviço que têm feito!!
E não podemos esquecer que "economista" e "gestor" (tal como "padrinho" noutras paragens...) são termos socialmente prestigiados.
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