2009/10/19

Não habia nexexidade...

Ler as reacções da Conferência Episcopal aos comentários de José Saramago é como observar os anéis das árvores, a chamada dendrocronologia. A gente pega num tronco de uma árvore com centenas de anos, olha para aqueles anéis, analisa-lhes a forma, desvenda-lhes o conteúdo e pensa: olha como era o mundo naquele tempo!
O mesmo fazem os cientistas que estudam as camadas profundas dos gelos ou os sedimentos terrestres. Dados sobre a temperatura terrestre, a precipitação, a química e a estrutura dos gases da atmosfera, as erupções vulcânicas, a variabilidade da actividade solar, etc, está lá tudo.
Ler os comentários da Conferência Episcopal sobre o livro "Caim" é um exercício semelhante. A gente lê-os e pensa: olha como era o mundo naquele tempo!
Com uma diferença: naquele tempo a Igreja mandava assar os Saramagos que lhe surgissem à frente. Agora faz-se de vítima e acusa o albigense de não saber ler a Bíblia e de ter montado uma "operação publicitária" com o seu livro, advertindo-o que deveria "ir por um caminho mais sério".
O porta voz da Conferência Episcopal diz que "não está nas minhas prioridades a leitura desse livro, porque pela apresentação que aparece na Comunicação Social acho que é de alguém que não entende os géneros literários da bíblia". É uma pena que não o leia porque talvez lá descobrisse também uns anéis ou uns sedimentos cheios de informação interessante. E de descoberta em descoberta talvez conseguíssemos, finalmente, saír todos das trevas...

9 comentários:

Rui Mota disse...

Nada de novo, de facto. É bom lembrar que "O Evangelho segundo Jesus Cristo" quase foi queimado pelo Secretário da Cultura da época.
Nessa altura, a fogueira foi ateada pela Opus Dei.
Tudo boa gente...

Anónimo disse...

Como a minha memória não é curta, infelizmente, entre o Saramago "Torquemada" dos tempos gloriosos do PCP e a opus dei, venha o diabo e escolha.
Por isso, não reconheço a Saramago qualquer autoridade moral para debitar sobre censura, perseguição, bufice ou liberdade. Nenhuma!
Como se escreve no post "naquele tempo a Igreja mandava assar os Saramagos que lhe surgissem à frente", e escrevo eu "naquele outro tempo o Saramago mandava assar todos os Saramagos de então que lhe surgissem à frente".
Por isso caim, caim, caim, caiiiiiiiim, caiiiiiiiiiiiiim!!

Nota: eu não dizia lá para trás que, para além de C. Augusto, só memos Mourinho e Saramago. parece que sou bruxo. Para quando um post sobre Mourinho?

Anónimo disse...

Será Saramago outro tabú (a nossa sociedade está cheia deles)? Está-se a discutir a questão e o Rui Mota vem falar do tempo...se fossem mas era ver se chove!

Rui Mota disse...

Anónimo,
O Rui Mota escreve sobre o que quer e não tem tabús sobre o Saramago. Quem tem tabús é (alguma) Igreja que ainda pensa que é dona da verdade e imune a críticas. Ou, agora, não se pode criticar a Bíblia?
Sobre a "chuva": se está a referir-se ao meu último "post", está a responder ao lado. Eu sei que você não é tão burro como quer dar idéia, mas que faz um grande esforço, lá isso faz...

Anónimo disse...

Porra! Caramba! Quando não há argumentos, vamos aos insultos. Já é um hábito nos escribas deste blogue. O que é extraordinário em gente que está, permanentemente, a dar lições sobre tudo e mais alguma coisa a toda a gente. Mas...sr. Rui Mota, os seus métodos são tão parecidos com aqueles que a igreja usou (e ainda usa, quando a deixam)séculos e séculos para calar os outros, que eu até me atrevia a garantir que estudou num seminário ( o seu estilo de prosa tudo o indica).
E já agora, também não diferem muito dos que o Saramago utilizou e defendeu publicamente mais recentemente.
Por isso eu estranho (ou compreendo, por uma questão de concorrência, talvez)) a sua aparente indignação em relação aquela tenebrosa instituição.
Só mais uma coisa, sr. Mota, não ponha em mim coisas que eu nunca escrevi: estou-me cagando para que você, o Saramago ou o cardeal cerejeira critiquem a Biblia. Sou ateu, agnóstico e tudo, desde os meus 3 anos e 7 meses. Absolutamente cagando. Nem nunca escrevi ou dei a entender o contrário, como você desonestamente dá a entender.
O que escrevi é que não reconheço a Saramago "qualquer autoridade moral para debitar sobre censura, perseguição, bufice ou liberdade".
E sabe porquê? Provavelmente não sabe. Ou porque é muito novo ainda (hipótese provável), ou porque pairava noutros lados em 1975, ou porque é um estalinista empedrenido (hipótese ainda mais provável), ou porque é ignorante, ou porque sofre de Alzhaimer (coisa em que não acredito).
Só uma pequeníssima achega: em 1975,o meu irmão do meio, militante activo do MES e com 3 prisões antes do 25 de Abril, era jornalista/editorialista no DN. Foi perseguido e saneado, com outros camaradas jornalistas militantes da chamada extrema-esquerda (posso dar-lhe todos os nomes), tendo ficado desempregado mais de um ano. Autor e cabecilha deste processo: José Saramago, então sub-director e "comissário politico" naquele jornal.
E vem você falar-me na Biblia. Olhe, vá-se foder!

Rui Mota disse...

Anónimo,
Você é tão cobarde que nem a cara dá.

Anónimo disse...

É d'homem! Bravo pela sua valentia, seu valentão. E você, dá a cara? Qual a diferença entre pôr ali anónimo ou rui mota? Ou papa joão XXI? Ou jesus (do Benfica, não confundir)? Alguém, para além dos seus amigalhaços do blogue (e não todos...)sabe quem você é? A sua idade? a sua cara?
Não me foda...valentão!

Carlos A. Augusto disse...

Então ó anónimo agora tem que ir chamar o irmão? Então quem é que é o valentão...?
E você?! Você!! Conte lá qual é o seu palmarés...

Anónimo disse...

chamar o irmão?????