2009/10/20

Rituais de Outono

Já estava com saudades. Da chuva. Hábitos de quem viveu trinta anos no Norte da Europa.
A diferença é que, no nosso país, as casas são frias e húmidas. Quando chove, a alternativa é ficar em casa com frio ou ir para a rua e ficar todo molhado. Não é uma escolha fácil.
O que me continua a espantar, após todos estes anos, é o efeito catastrófico que a água causa no quotidiano dos portugueses. Todos os anos, com as primeiras chuvas, lá vêm as inundações do costume.
Tome-se como exemplo o caso de hoje. No noticiário das nove, o "pivot" de serviço abre com: "ventos de 80km por hora e chuvas fortes causam inundações em Lisboa e no Porto. Os bombeiros não chegam para as operações de socorro. Caos no trânsito das principais entradas de Lisboa. Em virtude das más condições atmosféricas, o serviço nacional de segurança resolveu decretar o alerta amarelo para todo o país".
Fui ver: de facto, a chuva, que caía abundantemente, ameaçava de inundação o meu quintal. Nada que umas boas vassouradas não resolvessem de imediato. Também é verdade que, ciinco minutos mais tarde, o sol brilhava de novo.
Se todo este caos é provocado pelas primeiras chuvas e é assim todos os anos, porque é que continua a ser assim todos os anos e não são tomadas as medidas preventivas necessárias? O que seria de Portugal, se aqui chovesse como na Holanda, um país onde um terço do território está abaixo do nível do mar e não existem, praticamente, inundações? Estaríamos certamente perante um caso de "alerta vermelho".
Estranho país este, onde o "choque tecnológico" é capaz de projectar linhas de alta velocidade, "hubs" aeroportuários ibéricos, pontes rodo-ferroviárias e estádios para implodir, mas onde não se consegue prever a cíclica chuva que cai, todos os anos, pelo Outono.

1 comentário:

Carlos A. Augusto disse...

E o pior é que esses "hubs" aeroportuários, pontes rodo-ferroviárias e estádios para implodir não são ao preço da chuva...