Prossegue a nova telenovela "Ao Vivo com a Telefónica". Os accionistas não querem saber do valor estratégico da PT. O Governo decide ditar a política de gestão da empresa. Se tem valor estratégico por que razão está na mão de privados? Se deixaram que se tornasse privada por que razão o governo decide intervir?
O valor estratégico da empresa resume-se --uma ideia chave que me parece consensual-- à sua capacidade como empregadora e criadora de mais valia tecnológica inovadora. A Vivo só estorva neste contexto. Vamos inovar tecnologicamente para a Vivo? É isto o valor estratégico da PT?
A inovação e a mais valia tecnológica constituem um activo que não tem limite e pode ser rentabilizado até ao infinito. A Vivo limita o desenvolvimento estratégico da empresa. Os espanhóis querem a Vivo e oferecem pela empresa praticamente o que vale PT. Os portugueses acham que sem a Vivo voltam ao campeonato da 2ª divisão. O sentido de "inovação" e a dimensão do seu conceito de futuro revelam-se em todo este processo: passa por vender chamadas aos brasileiros.
Eu cá nem hesitava. Vendia já a Vivo, criava uma PT fornecedora de mais valia tecnológica inovadora e comercializava-a. Se calhar, vendia-a à Vivo, à Telefónica e a quem mais dela necessitasse. Com a massa feita pela venda criava um grande centro de inovação tecnológica, uma coisa mesmo a sério num projecto com dimensão. A PT é talvez a empresa que está melhor colocada para corresponder aos desafios que se colocam a Portugal.
Mas, sair da "crise", pelos vistos, para estes dirigentes é obrigar uma das maiores empresas nacionais a remeter-se ao papel de vendedor de chamadas a brasileiros e assim ir criando mais valias financeiras que vão enganando o défice... Eis o significado de estratégia.
Por aqui se vê o que valem a ambição, a visão, o sentido de voo e de valor acrescentado e os grandes desígnios de todas estas aventesmas que nos dirigem politicamente. O que vale o discurso tipo Magalhães.
Por aqui se vê também o que vale a crítica dos críticos deste governo, porque ainda não vi ninguém insurgir-se contra esta tendência para o voo rasteiro e esta ambição que se fica pela criação de pacotes de chamadas para brasileiro comprar. De uma forma ou de outra (a favor ou contra a golden share), os partidos querem é vender chamadas. Todos unidos contra os espanhóis! Este caso convocou os fantasmas de Aljubarrota e até criou um inusitado grupo de "bed fellows", como se diz em inglês.
É isto Portugal hoje. O TGV avança, para logo recuar, os chips avançam para logo recuarem, a retroactividade dos subsídios na cultura avança para logo recuar. E agora, para completar o ramalhete, a PT transmite a Vivo em diferido.
Hoje o PM achava que perante um novo recorde da taxa de desemprego está tudo na maior, a Ministra da Cultura defende a venda da hermenêutica também quiçá aos espanhóis, ou mesmo aos brasileiros, e a Ministra da Saúde manda, de forma grotesca, a malta "fazer sopa", para, aproveitando a crise, não engordar.
O pior, de facto, que poderia acontecer seria deixar os portugueses engordar...
2 comentários:
Eu já comecei, este fim-de-semana. A comer sopa. De espargos, que eu não como uma sopa qualquer...
Seerá que a senhora ministra também faz sopa...?
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