Narciso Miranda, o "vice-rei do Norte", foi expulso do Partido Socialista. Ele e mais 200 militantes de base, que apoiaram a sua lista nas últimas eleições autárquicas de Matosinhos.
Aparentemente, a razão invocada pelo PS, ao qual Narciso Miranda já pertence desde 1974, assenta numa interpretação dos estatutos que impede um militante de concorrer contra listas do seu próprio partido.
Ora, de acordo com a versão de ex-presidente de Matosinhos, a federação do Norte, onde ele e os militantes expulsos estavam enquadrados, não os deixou apresentar listas para escolherem os candidatos locais. Daí, a necessidade de uma lista alternativa nas eleições autárquicas de 2009.
Vem de longe a animosidade, de um certo PS, ao ex-presidente de Matosinhos. Entre outras razões, pelo seu envolvimento no célebre caso da Lota, que terminaria com a morte prematura de Sousa Franco. Acontece que, para além de Miranda, mais gente esteve envolvida nesse deplorável momento da democracia portuguesa, entre os quais o seu principal oponente em Matosinhos, hoje assessor de António Costa na Câmara de Lisboa...
Miranda (com ou sem razão) é um homem ferido na sua honra e não hesita em acusar a geração actual de dirigentes sem profissão que vegetam no partido, sem ideais, para além do poder pelo poder.
Como bem analisou Adelino Maltês, já vimos este filme noutras épocas e noutros partidos, ao longo da história portuguesa recente. Estamos a assistir ao fim de um ciclo que não vai acabar amanhã, mas vai levar alguns, talvez dezenas, de anos...
Que Narciso, um homem do "aparelho" há 37 anos, não tenha ainda compreendido isto e apelide os camaradas de "estalinistas", é difícil de acreditar. E se o homem for mesmo socialista?
1 comentário:
Há uns que levam prenda e vão beneficiando de altos cargos que lhes são atribuidos para pagar a devoção. Há outros que acabam assim. Acontece, infelizmente, em todos os partidos. Contas feitas, há-de haver alguma enorme vantagem em ser membro de um partido para aturar tudo isto.
Ao Narciso acabaram-se-lhe as vantagens...
Fala-se tanto da reforma da Constituição e esquece-se o essencial que é a reforma dos partidos.
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