2010/10/12

Internacionalismo interesseiro?

Aquilo que me pareceu ser uma imbecilidade de todo o tamanho, pode afinal ser uma jogada de mestre! É que ontem ouvi a reacção do PCP à entrega do prémio Nobel da Paz. Uma reacção que me pareceu, à primeira vista, tão desastrada, tão desastrada, de um primarismo tão grande que nem queria acreditar no que ouvia.
Hoje leio que Wang Yong, do banco central chinês, aconselha a compra da dívida soberana dos países em dificuldade (Portugal, Grécia, Irlanda e Itália) para evitar a valorização do yuan acima dos 3%, pretendida pelos americanos. Ah!, pensei eu, afinal sempre traz água no bico a posição do PCP...
O PCP diz que o Nobel é "inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China". My mistake... Afinal, o PCP não foi desastrado, nem o Nobel atribuído a Liu Xiaobo é a condenação de um acto arbitrário de um estado que vive, em certos aspectos, numa situação de inexplicável paragem no tempo. Afinal o Nobel da Paz é um instrumento de pressão económica. E o PCP, numa atitude patriótica e surpreendentemente europeísta, faz o rapapé aos Chineses não vão eles chatear-se, como se chatearam já com a Noruega, e desistir da hipótese de "contribuir activamente para a resolução da dívida europeia", excluindo, nomeadamente, Portugal desse pacote de apoio activo.
Os insondáveis desígnios da diplomacia e da política internacional...

2 comentários:

Rui Mota disse...

Há quem lhe chame "real politiek"...

Carlos A. Augusto disse...

O que é mais idiota é que o PC reivinidica com justiça o facto de ter apresentado uma moção de censura a este governo, faz propostas de redução de despesas e aumento de receitas que fazem algum sentido e merecem atenção, mas depois mete-se nestes caminhos estranhos, parecendo que está mesmo a pedir que lhes saltem em cima. Como quando fala por exemplo em "desprestígio" do Nobel...