2010/11/30

Cisma

 Independentemente de toda a retórica e teorias dos pitonizos e pitonizas da economia e da política cá do burgo, a realidade é esta: a emigração aumentou para níveis de há décadas, que julgávamos inatingíveis em democracia, voltámos à "sopa do Sidónio" com um vigor que julgávamos impossível de acontecer em democracia, o desemprego está a um nível que imaginaríamos impossível de atingir em democracia e os empregados, com empregos mais ou menos confortáveis, contribuintes do sistema de segurança social de há décadas, fazem hoje contas de cabeça para antecipar o mais rapidamente possível as suas reformas, como forma de minorar a irreversível perda da massa que andaram a descontar.
Esta é a realidade em toda a sua singeleza e crueza. Isto é o Portugal de hoje, o Portugal pós-25 de Abril, o Portugal da democracia. Como se não bastasse, sentimos de todos os lados a ameaça de que as coisas vão ainda piorar mais. A nossa paciência é para os donos do mundo um dado adquirido.
A isto chegámos por via da acção de gente que tem toda nome e cara (já se têm vergonha na dita é outra história) que continua a apresentar-se perante os portugueses como salvadora da Pátria. Sem eles, segundo nos querem fazer crer, seria o dilúvio.
Há quem insista em os considerar heróis, há quem os defenda acaloradamente contra toda a evidência, há quem lhes tenha dado o voto no passado e quem se prepare para lhes dar o voto no futuro.
Contra esta corrente, eu acho que aquela gente devia ser toda responsabilizada, que devia pagar pelo que fez. E acho que é tempo de profunda ruptura com o status quo e de um radicalmente novo desígnio. O que estamos a viver não presta.
Mais cedo ou mais tarde o cisma que se desenha vai ter de se materializar em actos. Se a democracia não conseguir dar resposta a isto, paciência... Não podemos é sustentar este estado de coisas mais tempo.

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