Se há alguém que ainda não tenha percebido a importância das chamadas redes sociais e de outras aplicações resultantes do que se convencionou designar por Web 2.0, o melhor é que comece a abrir os olhos rapidamente. Já vai também sendo tempo de começarem a abrir os olhos todos aqueles que acham tudo isto uma futilidade ou que comentam —com ar ora pedante, ora ignorante— os seus efeitos.
É conhecido o papel que o Facebook, o Twitter, o Youtube ou o Flickr tiveram no conhecimento da situação interna do Irão depois da eleição presidencial de 2009. O efeito terá sido tão significativo que entre as primeiras medidas que os governos locais tomaram durante os recentes levantamentos na Tunísia e no Egipto, destaca-se o silenciamento da internet. Gato escaldado...
Perturbante e significativa é, por outro lado, a atitude da China, cujas autoridades, contam as notícias de hoje, bloquearam a palavra "Egipto" das pesquisas nos dois maiores portais do país e no Weibo, o equivalente chinês do Twitter. Não vão os protestos arranjar maneira de ultapassar a Rota da Seda e galgar a Muralha da China...
Há aqui uma lição qualquer que ainda não consegui perceber totalmente. Mas, querem ver que a cegueira e a tentação perante as "oportunidades de negócio" que as novas tecnologias da informação proporcionam, levaram as autoridades destes países, os "investidores" e os "mercados" a esquecer o seu potencial de fogo?! Quando olhamos para estes acontecimentos, quando tentamos compreender as razões que levaram estes povos a revoltarem-se (desemprego, pobreza, alta do custo de vida, ausência de democracia interna, etc) e quando vemos a aparentemente contraditória expansão que as tecnologias da informação e comunicação têm nestes países, o negócio que geram e o papel que, ironicamente, adquirem nestes processos, só podemos concluir que alguém se distraiu e andou a brincar com o fogo.
Vá, vamos lá a abrir uma continha no Twitter ou no Facebook, vamos a despejar para lá conteúdos significativos e usar aquilo também como arma da cidadania. O Assange ajuda a explicar porque é que estas coisas são importantes...
6 comentários:
Resistencia contra as proibições impostas pelos egípcios às redes sociais. Ler aqui.
É interessante ver os comentários dos "tudólogos" (aqueles que opinam sobre "tudo") relativamente às revoltas populares na Tunísia e no Egipto. Para estes "fazedores de opinião", o facto de haver milhares de pessoas na rua, só é explicável por haver forças políticas por detrás. Bom, e onde estão elas? Nem mesmo os famigerados fundamentalistas islâmicos (que existem) se pronunciaram. Também não consta que as oposições estivessem organizadas, o que não é de admirar, uma vez que Ben Ali e Mubarak se encarregaram de reprimir qualquer tentativa de oposição. Para já, o maior partido é o dos SMS. Resta saber por quanto tempo...
With a little help from their friends.
Subscrevo inteiramente o texto. As plataformas que gratuitamente colocam à nossa disposição são, quando bem utilizadas, uma das mais eficazes formas de exercício de cidadania.
Abraço
A ler, este excelente artigo de Paulo Moura do Público.
Mais um artigo, desta feita do El Pais, sobre esta matéria.
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