2011/07/25
Oslo
Vemos as imagens do massacre norueguês e não podemos deixar de compará-las com acontecimentos recentes que atingiram Nova-Iorque, Madrid ou Londres. Da mesma forma que ontem fomos americanos, hoje sentimo-nos noruegueses. Nada, ideologia política ou religião, pode justificar tal barbárie e desprezo pela vida humana. E portanto, mais uma vez, um acto de puro terrorismo paralisou um país e pôe em questão valores sobre os quais as nossas sociedades assentam. Sabemos, de há muito, que o Mal é universal e, nesse sentido, transversal a todas as culturas e sociedades. No entanto, e ao contrário dos atentados radicais islamistas, perpetrados contra sociedades "ocidentais" a partir de "fora", os atentados na Noruega foram executados por um nativo contra os cidadãos do seu próprio país. É uma diferença fundamental, ainda que nenhum fundamentalismo - islamista ou cristão - seja na sua essência muito diferente. Trata-se de um acto (aparentemente isolado) que não é representativo da religião cristã, da mesma forma que os actos terroristas islamistas, não devem ser confundidos com o Islão. Mas, atenção, os sinais de crescente racismo e xenofobia nos países do Norte da Europa são hoje inequívocos. O massacre de sexta-feira passada foi, no seu simbolismo, um acto pensado e executado com a frieza de um convicto nazi, de resto confirmado pela documentação a que vamos tendo acesso. Um acto isolado ou um dos muitos ovos que a serpente nacionalista e xenófoba está a chocar? Essa é a pergunta central e nada garante que países como a Noruega os possam evitar.
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4 comentários:
Continuo a achar esta história estranha e cheia de contradições. Como alguém dizia hoje, esta é também uma oportunidade para metermos todos a mão na consciência e avaliarmos o contributo que damos diariamente para que isto tudo ocorra.
Não quero ser simplista, mas há-de haver um caminho mais nobre para a sociedade, entre a demissão e o envolvimento oportunista. Seja este envolvimento explorar o sistema ou fazê-lo explodir...
Estamos, claramente, perante um acto ideológico, perpretado por um assassino inteligente, ainda que de contornos patalógicos. Uma acto pensado e preparado friamente (9 anos) e executado com a mesma frieza, conforme relatam os sobreviventes do massacre. Da mesma forma que no passado (Oklahoma, Columbine) as ligações à ideologia nazi, são explicitas. Neste caso, o manual publicado na NET, fala por si. Não há contradição nenhuma, mas apenas a aplicação prática de uma teoria racista e xenófoba, que é apanágio dos grupos de extrema-direita. O que é preocupante nesta história, é a crescente popularidade dos partidos de extrema-direita no Norte da Europa (a Noruega não é excepção) e a possibilidade destes actos fundamentalistas serem imitados por desesperados, organizados ou não, no seio de países democráticos. Este é o grande desafio das sociedades abertas e tolerantes, que correm o risco de tornarem-se estados securitários no futuro.
Já agora, a propósito, recomendo a leitura deste texto do Rui Tavares.
Bom texto, o do Tavares.
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