2011/07/25

Terão sido de facto os mesmos?

José Sócrates foi entronizado em Março último no PS com uma significativa percentagem de 93% de votos favoráveis. Agora, passados apenas 4 meses, é a vez de António José Seguro ser eleito com uma percentagem também significativa de cerca de 70%.
O secretário geral é novo, mas a maioria que o elegeu, como hoje me chamava a atenção um amigo, é a mesma. Ora dá o poder a um, ora muda de opinião e, no espaço de 4 meses, mais coisa menos coisa, dá o poder a outro que se lhe terá oposto. E muda esta opinião sem que se tenha percebido muito bem em que matérias e com que justificação o faz, e sem que se tenha sequer percebido a matriz da qual emanam tamanhas "divergências".
Para que fosse possível aceitar o PS como um partido credível, ideologicamente sólido, politicamente responsável e capaz de constituir uma alternativa de poder séria, seriam devidas muitas explicações ao país e esperar-se-ia um momento de profunda auto-crítica.
Tendo em conta os personagens que continuam a dominar os acontecimentos, o armazém de bric-a-brac ideológico em que se transformou o PS e a capacidade de regeneração da camuflagem dos seus militantes parecem-me exercícios pelos quais vamos todos certamente ter de esperar sentados.

2 comentários:

Rui Mota disse...

O PS, há muito tempo que deixou de ser um partido socialista, no sentido ortodoxo do termo. Em rigor, desde 1977, quando Mário Soares resolveu "meter o socialismo na gaveta".
Daí para cá, a maior preocupação dos seus dirigentes (de Soares a Seguro, passando por Constâncio, Sampaio, Guterres, Rodrigues ou Sócrates) tem sido a de dividir/alternar o poder com o PSD.
Dessa forma, fazendo passar a ideia de que o PS "é" a esquerda e o PSD "é" a direita. Na falta de alternativas sólidas à esquerda e à direita, a "carneirada" lá vai votando num destes dois partidos, com os resultados que se conhecem.
Com a queda do "muro" e o consequente falhanço do "socialismo real", os partidos socialistas agrupados na IS, deixaram de desempenhar o papel histórico que tiveram até 1989: serem uma alternativa democrática ao modelo estalinista e defenderem uma sociedade mais justa e equitativa (o estado de protecção social).
Com a globalização e o fim do proteccionismo, a economia de mercado tornou-se mundial e o socialismo deixou de ser um papão para o capital internacional. Os partidos socialistas e os partidos sociais-democratas, que até aí tiveram um papel importante na defesa do trabalho, foram incapazes de se adaptarem à nova situação e criarem uma alternativa ao neo-liberalismo. A "3ª via" (hoje tão criticada por Soares) mais não foi do que uma tentativa de conciliar o melhor dos dois sistemas, com os resultados conhecidos. Com Guterres, assistimos à primeira deriva de direita (de pendor beato) e, com Sócrates, à deriva "pragmatista", próprio dos incultos e deslumbrados "Jotas". Seguro (como Passos, de resto), são o produto desta geração de políticos ignorantes e oportunistas, que mais não desejam do que manter o sistema pois, de reformadores, nada têm. Que os mesmos militantes que apoiaram Sócrates, apoiem agora Seguro, não deve constituir uma surpresa: se deixarem de apoiar o "chefe", perdem o emprego. Em tempo de crise...

Carlos A. Augusto disse...

Tenho uns punhos de renda para venda ;-) ...