2011/11/17

A política dos três pilares em versão tuga

O ministro Gaspar, também conhecido por ministro das finanças, congratulou-se ontem, ufano, com a avaliação da troika sobre o cumprimento dos "três pilares do programa de ajustamento, designadamente, a evolução das finanças públicas, a estabilização do sistema financeiro e a concretização da agenda de transformação estrutural." Há uma metáfora sinistra nisto tudo.
Temos três pilares para uma ponte sem tabuleiro. Uma ponte que deliberadamente não une porque já caiu antes de abrir ao tráfego.
Os dois primeiros "pilares" resultam de problemas de contabilidade criativa, que deveriam levar à cadeia quem os provocou e lavrou os resultados em livro de caixa. O terceiro "pilar" é, recordemo-lo, eufemismo para a venda em saldo das participações do Estado em diversas empresas. A satisfação do ministro e os recados da troika deveriam indignar os portugueses.
No fim de tudo isto, e quando o ministro Gaspar der por concluida a sua missão de mero gestor da massa falida e a troika se for embora, deixando um derradeiro elogio sobre o cumprimento do "programa de ajustamento", ficaremos todos exactamente como estávamos antes, sem que se tenham operado quaisquer modificações de fundo que permitam encarar o futuro com outro optimismo. Pagámos para deixar o ministro Gaspar e a troika que o pariu todos contentes.
Tudo isto a troco de um sacrifício sem precedentes do grosso do povo Português. Financiámos os pilares, mas fica-nos a faltar o tabuleiro da ponte para que a possamos atravessar.
Quase que aposto que quando levarmos a sério o projecto de passar mesmo a ponte, o ministro Gaspar não vai ficar na nossa margem...

Sem comentários: