2012/04/24

Sinais de mudança (2)

Demitiu-se esta segunda-feira a coligação governamental holandesa, constituida pelos partidos VVD (liberal) e CDA (democrata-cristão), que era apoiada pelo partido PVV (populista de direita). A demissão surge após sete semanas de duras negociações entre os três partidos, com vista a chegar a um acordo para implementar medidas de austeridade estimadas em 14 mil milhões de euros no próximo Orçamento de Estado. Ainda que a notícia já fosse conhecida desde o passado sábado, só ontem foi formalmente aceite pela rainha, que agora terá de marcar a data das próximas eleições. Em princípio, estas não devem acontecer antes de Setembro. Não causa grande surpresa esta demissão. Desde a sua instalação, em Outubro de 2010, que o governo dependia do apoio do PVV, partido liderado por Geert Wilders, um populista xenófobo que defende a proibição do Islão, a abolição da burka e a expulsão de muçulmanos não holandeses. Um programa que lhe valeu 15% de votos e 34 deputados nas últimas eleições. Dado os anti-corpos provocados na classe política holandesa, Wilders acabaria por não aceitar fazer parte do governo, mas garantia a maioria dos votos governamentais no parlamento. Uma construção, que os holandeses apelidavam de "governo tolerado", uma vez que a qualquer momento o PVV poderia retirar o seu apoio. Foi o que aconteceu agora, quando o governo propôs cortes significativos em áreas sociais sensíveis, como a idade e o valor das reformas, às quais o partido de Wilders se opõs. As reformas, aliás, eram um ponto de honra para Wilders que, a par da sua declarada Islamofobia, sempre defendeu os reformados de baixos recursos. Em queda de popularidade após os atentados de Oslo (quando as suas ideias foram elogiadas por Breivick) Wilders há que muito procurava uma saida airosa para a sua política de ódio e terra queimada. Aparentemente, a crise actual, ofereceu-lhe essa oportunidade. Ao distanciar-se das medidas do governo, espera ganhar a admiração dos holandeses mais pobres e, dessa forma, recuperar a popularidade perdida. Uma coisa parece certa: Wilders dificilmente voltará a ter a influência do passado e tudo aponta para que a próxima coligação governamental seja de centro-esquerda.

3 comentários:

Unknown disse...

Olá Rui;

A politica de direita na Holanda estava mesmo a dar o estoiro e agora o Wilders, "largou-lhe o fogo". As medidas de austeridade só estavam a ser apontadas desde alguns anos ao bolso dos que menos podem. Os seguros de saúde desde 2006, aumentam cada ano, e cobrem cada vêz menos, o dinheiro para as guerras loucas esse tem de haver sempre, entre muitas outras medidas, que deram mesmo nisto.

Teóricamente a Holanda está bem na sua economia, mas isso tem sido muito à custa do bolso dos contribuintes e trabalhadores.

Agora está na hora de mudança e certamente os partidos que estão a postar em políticas mais sociais e de melhor investimento interno vão certamente dar a volta a isto na Holanda.

Deixo-te um abraço da Holanda.
José Xavier

Rui Mota disse...

Olá Xavier,

É sempre bom ouvir notícias da Holanda. Nem sempre são boas, mas esta pareceu-me positiva.
Conto ir aí em breve. Depois, falamos.

Abr.

RM

Unknown disse...

Ok Rui.

manda depois dizer alguma coisa.

josexavier@planet.nl

abraço amigo
xavier