2012/05/15

Da democracia na Grécia

É oficial: a Grécia vai para eleições, agora que o Presidente da República deu por terminada a ronda de conversações com os principais partidos gregos sem ter conseguido um acordo. Este era um desfecho previsto, quando os partidos da Troika (Nova Democracia e PASOK) não quiseram aliar-se num governo de coligação e a frente anti-troika (SYRIZA) não reunia votos suficientes para formar governo. Restava a opção tecnocrata, que todas as forças partidárias recusaram. Cabe ao povo grego (voltar a) escolher a via que deseja seguir: aceitar os ditames da Troika, sabendo que mais sacrificios e privações serão pedidos, numa espiral sem fim à vista; ou romper com este círculo vicioso, sabendo que os sacrifícios e privações continuarão de qualquer forma, ainda que feitos numa perspectiva libertadora. Uma escolha difícil, que irá condicionar, não só o futuro da Grécia, mas toda a Europa e os países intervencionados (Portugal e Irlanda) em especial. É por isto que estas eleições são tão importantes: uma derrota das forças progressistas significará o reforço das medidas neoliberais na Europa e um passo atrás na mudança da opinião pública (que, timidamente, começara a manifestar-se com Hollande); enquanto uma vitória dos partidos anti-troika, poderá significar um "turning point" na política de intervenção levada a cabo nos países da periferia que, desta forma, ficarão em melhores condições de renegociar os ditames dos credores internacionais. Também por isto, estas eleições não serão apenas gregas, pois a todos dizem respeito. Em particular, aos portugueses.

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