2012/06/18

Uma vitória de Pirro

Para descanso dos credores europeus, os gregos deram ontem a vitória ao partido que mais contribuiu para o endividamento da Grécia. Não é, pois, de admirar que a Alemanha e os países do núcleo duro do Euro se congratulem com o resultado obtido pela Nova Democracia. O pânico instaurado nas principais capitais europeias, devido à ascensão do Syriza - um partido bem menos radical do que alguns analistas nos fizeram crer - revelou-se, afinal, infundado. As campanhas de intimidação levadas a cabo pelos principais políticos e banqueiros alemães, a que não faltaram anúncios publicados na imprensa europeia a apelarem ao "voto responsável" dos gregos, fizeram o resto e acabaram por ser determinantes para a vitória de Samaras. Acontece que, apesar desta vitória, a Nova Democracia não tem a maioria absoluta dos votos (longe disso!) pelo que não poderá governar sozinha. Depende, por isso, de uma coligação, que poderá contar com o PASOK, terceiro partido mais votado e o grande derrotado destas eleições. Consciente da sua força negocial, o líder do PASOK já veio declarar que só entrará para o governo caso a coligação governamental inclua o Syriza e a Esquerda Democrática, numa clara estratégia de cimentar a unidade nacional. Pesem as intenções dos socialistas, não é de crer que Samaras, escudado na sua vitória de ontem e pressionado pela Alemanha, venha a ceder nesta coligação alargada. Também não é de acreditar que Tsipras, cuja campanha eleitoral foi baseada na denúncia deste memorando, venha renunciar aos seus princípios. No dia seguinte às eleições mais importantes em décadas, a sociedade grega continua tão dividida como nunca, nada garantindo que a saída deste impasse tenha sido resolvida com o recente sufrágio. Uma coisa parece certa: os maiores responsáveis por esta crise (a Nova Democracia e o PASOK) ganharam um oponente de peso. A partir de agora, o Syriza perfila-se como uma oposição respeitável, em quem os gregos depositaram a sua confiança e mais de 26% dos votos. Nada mau, para quem foi apelidado de radical durante semanas de campanha e que acabou por influenciar todo o discurso anti-memorando que hoje atravessa as principais forças partidárias do país. Se as condições de austeridade a que estão sujeitas os gregos, mudarem, ao Syriza se deve.

3 comentários:

Carlos A. Augusto disse...

O Euro continua em aberto...

Rui Mota disse...

É verdade, o Euro continua em aberto e há vários candidatos ao título...

Carlos A. Augusto disse...

Essa de haver várias candidaturas é que eu duvido. COmo é público e notório há um vencedor auto designado antes mesmo do campeonato começar...