De facto, há diferenças entre portugueses e espanhóis. Enquanto em Portugal se espera pelo "parecer" do "opinioneiro" de serviço para ter opinião própria, e se exulta com os comentários dos "especialistas" que propõem o afrouxamento das medidas de austeridade, enquanto aqui se substitui a acção pela conversa mole (*), em Espanha, mal foram anunciadas as medidas de austeridade, centenas de milhar de pessoas vieram para as ruas em mais de 80 cidades, afrontando a polícia e os seus mastins. Em Espanha não é preciso que a corda comece a apertar fatalmente a garganta para agir.
Enquanto a corda aperta, em Portugal, o PR e o deputado Ribeiro e Castro, tentando apequenar a contestação, descobrem que as manifestações de repúdio dos portugueses pelo esbulho a que estão a ser sujeitos (**) são "preparadas" (as medidas de austeridade não foram preparadas, são espontâneas...) e este insulto não gera uma onda de enorme indignação. Em Espanha a resposta à tentativa de esbulho não se fez tardar e acontece neste momento nas ruas, de forma intensa, de olhos nos olhos, com um saldo até agora de dezenas de feridos e detidos.
Enquanto a corda aperta, em Portugal, no primeiro semestre deste ano, foram à falência 24 empresas por dia, e a taxa efectiva de desemprego está, segundo o MSE, acima de 23%!
Mais uma diferença que também não deixa de ser curiosa: toda esta informação, sobre o que se passa em Espanha, pode ser recolhida num portal preparado pelo governo espanhol.
(*) Exemplos de conversa mole são os analistas de café ou de mesa de dominó e bisca, espalhados por esses parques
públicos, os blogs, os programas sobre blogs e, claro está, os "foruns" e programas de "debate" na rádio e na tv, e a imprensa. Todos eles fervilham, todos os dias, de re-opiniões sobre as opiniões dos
"especialistas". Veja aqui, um desses casos.
(**) O pouco que se tem feito, certamente muito aquém do que seria
necessário, é obra de gente corajosa que teima em acreditar no país, e não
passa, apesar de tudo, de umas meras assobiadelas e umas palavras de
ordem gritadas com o vocalizo mais ou menos estridente. Imaginem, tendo em conta a infinita lábia do artista, o efeito que terá, perante a ignomínia praticada pelo Relvas, uma simples vaia .
1 comentário:
Ter ou não "cojones", eis a questão...
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