2012/07/18

O recipiente adequado para esta gente


Corre hoje uma notícia sobre uma Ana Moura, rapariga de outros fados, secretária e ex-vogal da comissão política do PSD de Setúbal, acusada de desvio de fundos. Que me perdoe a verdadeira Ana Moura. "Mas porque é que a gente não se encontra?"
Não vejo nada de terrivelmente surpreendente no comportamento da Ana do Sado, confesso. O que espanta e choca é o facto de ela já ter novo cargo nas Finanças. É o Fado da Ana, também conhecido pelo Fado do Cocei-te as Costas. O Relvas, entretanto, canta o Fado da Licenciatura Liofilizada, também conhecido pelo Fado do Finalista. Firmino ataca o Fado Menezes, com letra de protesto dirigida ao primeiro-ministro, e o Jardim (do buraco) da Madeira permite-se cantar ao despique o Fado Relvas, dedicado aos doutores instantâneos. Enquanto isso Menezes ensaia o Fado Firmino, com a sua própria letra e música, cujo refrão diz "Relvas é um homem sério", e o jovem Duarte acompanha à viola em tom menor, o Fado Gago, com culpas para o Mariano. O professor Marcelo Rebelo Karamba, picadinho, ataca o Fado Manife, um fado ridículo e já gasto, de opinião morta. A letra é um exercício pouco subtil em que se consegue afirmar que a manifestação de segunda-feira foi ridícula, sem perceber o ridículo da afirmação. As manifes medem-se aos palmos, pensa o iminente cantador; logo, Relvas, o primeiro-ministro que o escolheu e o presidente da república que o empossou, são o epítome da seriedade.
D. Januário Torgal vem, entretanto, dizer o que todos sabemos: que o guitarra e o viola são corruptos e dão notas ao lado. Mas o PSD precisa de mais provas.
Perante a confusão que vai na tasca, o primeiro ministro reage a tudo isto mudando de penteado. Um não primeiro ministro, portanto, que nem serve para atirar à ventoinha.
Toda esta gente faz parte do partido principal da coligação governamental, da qual o PP também não sabe, não pode ou não quer descolar, malgrado os RPP, recados público-privados...
Reparem bem: toda esta gente tem a responsabilidade da governação do nosso País, influencia directamente a nossa vida, molda o nosso actual e desgastante, penoso, injusto e revoltante dia a dia.
Este também não é um fado normal. Está na hora de atirar a porcaria, não para a ventoinha, mas para um recipiente apropriado.
Escolham.

1 comentário:

Rui Mota disse...

Um verdadeiro Alexandrino, este Fado a que estamos sujeitos. O descaramento é total e, o que é pior, impune. Esse é o drama. Ninguém penaliza o infractor.