2012/10/10

Rigor científico

Todos os ex-presidentes da república se têm pronunciado contra o estado actual da governação, condenando-a de forma explícita. Ao fazê-lo, está também implícita uma crítica unânime à actuação do actual PR. Se tomarmos estas críticas pelo seu valor facial, a análise destes três personagens, digna da maior atenção, é certeira e demolidora.
Eanes diz que "um país que se preza não deixa cidadãos em dificuldades," acrescentando em jeito de alerta que "quando não há unidade num país, os homens passam muito rapidamente da resignação à indignação."
Sampaio faz notar que "se não se conseguir ver a luz ao fundo do túnel, a esperança desaparece, há pessoas dispostas a acreditar em tudo, e é por isso que os extremismos estão a florescer," advertindo ainda, cauteloso, que a "austeridade excessiva pode prejudicar terrivelmente a democracia."
Mário Soares, por seu lado, afirma que "o Governo está moribundo e ninguém o toma a sério. Nem os empresários nem os trabalhadores. Nem gente do Povo nem intelectuais, professores ou cientistas." 
Pelos vistos, nem todos os cientistas pensam assim. Manuel Villaverde Cabral, por exemplo, acha que não. Na sua opinião, as críticas dos presidentes são "populistas" e servem apenas para "afagar o ego daqueles que viram os seus rendimentos diminuir." Porque é que não tentamos ajudar o governo," pergunta, espantado, o sociólogo, já que tudo por que passamos neste momento é fatal e a solução está fora do nosso alcance? Por que é que não ajudamos o governo, se ultimamente ele até conseguiu uma extensão do período de pagamento, sem aumento do juro?
De facto, "por que é que não ajudamos o governo?" Ora aí está uma boa pergunta para o sociólogo responder em vez de fazer perguntas que, longe de credibilizarem o rigor do cientista, mais indiciam um raciocínio fatalmente esclerosado?

4 comentários:

Rui Mota disse...

Uma desilusão, o Villaverde Cabral, de quem fui leitor assíduo durante décadas...Como é possível determinadas pessoas dizerem tais disparates? Um vendido, este sociólogo de "Maio de '68"...

Carlos A. Augusto disse...

Se não é vendido, faz um esforço notável para o parecer...

Tulip disse...

Como se tornar numa pessoa cada vez mais divorciado de senso comum, coerência, e/ou noções (básicas que sejam) de realidade, está visível em casos como este. Coitado.



(como acho que meu nome não vai aparecer deixo-o aqui. Margarida Costa)

bjs - G.

Carlos A. Augusto disse...

Obrigado Guida.