É oficial: a politica seguida pelo governo falhou.
Os números
não mentem e, contra números, falham todos os argumentos.
O número de desempregados atingiu a fasquia “record” de 920.000 cidadãos
inscritos nos centros de desemprego, o que corresponde a 16,9% da
população produtiva do pais (ou seja, 1 em cada 5 portugueses está,
neste momento, desempregado). Destes, 43% já não recebem qualquer tipo
de subsídio ou apoio. Entre os desempregados, 40% são jovens, abaixo
dos 34 anos. Se contabilizarmos os desempregados não-inscritos, o total
rondará 1,4 milhões, uma cifra nunca atingida em Portugal desde que há
memória estatística.
A montante (et pour cause) a queda do
crescimento económico é agora de 3,2% do produto, em comparação com o
período homólogo, enquanto o crescimento, propriamente dito, não sobe
acima dos 0,2% do PIB. Porque uma má notícia nunca vem só, as
exportações (essa ilusão macro-económica dos economistas que nos
governam) perdeu o balanço que sustentava algum optimismo e, como as
economias do Euro começaram a abrandar, compram agora menos às
periferias e afectam directamente a nossa balança de pagamentos.
“Mutatis-mutandis”, dado que a economia não cresce, não são criados
empregos e, sem empregos, não há poder de compra para sustentar a
economia, nem dinheiro para pagar os subsídios e apoios sociais de todo o
tipo, enquanto a dívida soberana continua a aumentar e a ser paga aos
credores.
A jusante, as sequelas começam a ser visíveis a olho nu e
já não são necessárias estatísticas para nos convencerem do fosso em
que caímos:
As prestações das casas deixaram de ser pagas aos
milhares (7.800 no último ano) e, com a nova lei de arrendamentos, este
número vai certamente aumentar.
No seu relatório anual, publicado no “Público” de hoje, a Caritas revela
que 28,6% das crianças portuguesas (mais de 1/4 da população infantil!)
estava em risco de pobreza ou exclusão social, número que,
provavelmente já aumentou desde então.
As filas, nos centros
sociais e nos bancos alimentares, aumentam diariamente e as corridas às
reformas dispararam em todos os sectores. Os mais aptos e qualificados
procuram saída através da emigração e o desespero instala-se nas
famílias sem qualquer perspectiva de futuro. Começa a ser preocupante o
número de homicídios e suicídios na sociedade portuguesa, que não podem
nem devem ser desvalorizados ou desligados da realidade social actual.
Perante
esta verdadeira calamidade social, que faz o governo? Defende a sua
politica prometendo-nos um dia melhor (quando?) talvez lá para 2014 ou
2015, se as condições se inverterem, com o argumento que temos primeiro
de pagar aos credores (a juros que estes determinam) para dessa forma
provarmos ser bem comportados e merecermos a sua condescendência.
Obviamente
que ninguém acredita neste “promissor futuro” e, mesmo admitindo que
daqui a um ano ou dois as perspectivas mudavam, só um desmiolado
acredita que depois de três anos de uma politica de terra queimada,
alguma coisa vai subsistir na actual economia. A verdade é que nada vai
ser como dantes e todas as conquistas (ordenados, meses-extra, apoios
sociais, educação, serviço nacional de saúde, etc.) vão acabar.
E
porque a economia vai ser destruída, o governo que se seguir (seja ele
do PS, ou outro), não terá outra alternativa a não ser manter a situação
neste nível de indigência a que os actuais governantes nos conduziram. É
este o dilema. Quanto mais tempo aguentarmos Passos Coelho e a Troika,
pior será o nosso futuro.
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