2013/07/11

Coulrofobia

Dificilmente alguém pode admitir que a solução proposta ontem pelo presidente de república seja fruto de alguém que se tem por tão reflexivo, tão atento, tão dialogante, tão experiente, como ele pretende ser lido pelos portugueses. Por mais tolerância que possa ainda encontrar escondida no meu alforge político, por mais que tente encontrar explicações para o novelo em que Cavaco nos colocou só me sobra uma enorme fobia por este personagem de ópera bufa.
Cavaco gasta mais tempo e recursos a polir a imagem do que a exercer, de facto, o seu cargo. Se trabalhasse mais, se interviesse a tempo, se exercesse com rigor humilde a função clara que os seus compatriotas o incumbiram de executar, teria sido outro o desfecho deste triste espectáculo a que assistimos nestes tempos mais recentes. Assim,  o arauto da estabilidade aumenta a instabilidade, o defensor da Constituição desrespeita-a, o paladino do bom senso propõe soluções inexequíveis, o defensor dos mercados provoca-lhes reviravoltas incómodas.
Ninguém sai ileso desta fogueira para onde Cavaco Silva nos lançou. Nem ele. 
Que ele vá para o inferno da política portuguesa quando morrer é coisa que não pode deixar de ser considerada positiva e que não poderei nunca deixar de saudar. Que nos arraste a todos, na sua insanidade política, para esse inferno é algo que nunca lhe poderei, nunca lhe poderemos, perdoar. Como primeiro responsável por tudo isto, não lhe podemos perdoar.

1 comentário:

Silvestre Pedrosa disse...

A bicheza elegeu-o, agora ature-o.