2013/07/10

Cavaco não vê televisão


De acordo com as notícias que vão correndo nos principais canais televisivos, o Presidente da República anunciará hoje ao país a sua decisão sobre a actual crise politica. Após três dias preenchidos com audiências em Belém, onde recebeu os representantes das chamadas forças sociais, desde partidos a sindicatos, passando pelas confederações de patrões, banqueiros e “tuti quanti”, Cavaco parece ter encerrado esta fase de auscultações sobre tão importante decisão.
Compreende-se. Depois de o terem deixado com a “criança nos braços”, após o inacreditável episódio da tomada de posse de uma ministra sem governantes e na eminência da queda do governo (o que afastaria a direita do poder por muitos e bons anos), Cavaco tinha de encontrar uma saída airosa para a crise.
Perante os cenários possíveis (manutenção do actual governo, um governo de inspiração presidencial ou convocação de eleições) o Presidente, que sempre vendeu a “mantra” da estabilidade e nunca escondeu a sua aversão a eleições, viu-se na necessidade de ensaiar uma farsa democrática, pedindo a todas as forças vivas da nação que passassem pelo palácio, a fim de escutar uma segunda opinião.
Entretanto, o governo, feito em cacos, fazia de conta que existia e (noblesse oblige) enviava a recém-empossada ministra das finanças a Bruxelas, para dar ar de que tudo corria de acordo com a normalidade. E não é que a presença de Maria Luís Albuquerque, na reunião do Ecofin, foi saudada por todos os colegas europeus presentes, como a solução acertada para um problema sem conserto?
Tivesse Cavaco perdido menos tempo a ouvir os parceiros sociais portugueses e ligado a televisão na segunda-feira de manhã e teria ouvido o ministro Schauble a declarar em Bruxelas que a Europa (leia-se Alemanha) aprovava a continuação do actual governo e a escolha de Albuquerque para continuar a aplicação do programa da Troika em Portugal.
Moral da história: se o presidente ouvisse as notícias, teria poupado tempo e dinheiro à nação, pois muito antes da decisão que irá anunciar ao país, já os Alemães sabiam que não ia haver eleições em Portugal e que o actual governo era para continuar.

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