2013/10/14

Afinal, não era necessário ter assustado os velhinhos...

A conferência de imprensa, ontem montada e transmitida nos canais públicos em “prime time”, do ministro Paulo Portas e da secretária das finanças Maria Albuquerque, é a última peça de uma encenação macabra que consome os cidadãos deste pais.
Não há adjectivos suficientes para qualificar a demagogia e a pulhice de governantes que passam o tempo a anunciar medidas de austeridade, como quem lança balões de ensaio, para no momento seguinte se contradizerem ou, ao mínimo movimento reactivo, darem o dito por não dito, continuando a ameaçar toda a gente: a oposição, os sindicatos, o tribunal constitucional, os funcionários públicos, os pensionistas e reformados, numa espiral decrescente da qual não se enxerga o fim.
Já toda a gente percebeu – e estes governantes, sendo incompetentes, não são todos parvos – que a actual austeridade só provoca recessão e que a “receita” aplicada, falhou. Todos os especialistas, da esquerda à direita, o afirmam diariamente. É ouvir Sampaio ou Soares, Manuela Ferreira Leite ou Bagão Félix, para citar alguns dos nomes do espectro político que, por estes dias, andam a perorar na televisão. Esta é uma “terapia” que, segundo alguns, nunca foi experimentada, e os cientistas sociais que continuam a apostar nela só por sadismo podem acreditar que ao fundo do túnel haverá uma luz. Não há, e a Grécia, é disso o melhor exemplo.
Para onde nos conduzem os criminosos que dirigem o pais, pois é de crime de lesa pátria que estamos a falar, ainda não sabemos. Sabemos, e o próximo orçamento de estado irá confirmá-lo, que a austeridade em 2014 será maior. Portugal terá de pagar, só no primeiro trimestre do ano, 13.000 milhões de euros aos credores e não se vislumbram meios (a não ser através de impostos ou de cortes nos salários e nas pensões) para fazê-lo. Por outro lado, continuam a não existir medidas de estímulo à economia, que podiam, de alguma forma, aumentar o emprego e com este as prestações sociais e o poder de compra. Nada disto está a acontecer e não é necessário ser economista para perceber estas coisas básicas. Mesmo do ponto de vista dos credores, não servirá de muito continuar a depenar uma galinha sem penas, pois os ganhos serão sempre reduzidos...
Que pretende, pois, esta gente, completamente desmiolada?
Não sabemos, ou melhor, ainda não compreendemos bem. Há, desde já, duas hipóteses: ou o governo acredita piamente que a receita de purificação económica levada a cabo, fará renascer Portugal das cinzas, qual Fénix mitológico, após a destruição do sistema ou, o que seria ainda mais patético, os nossos governantes acreditam que a Troika não deixará “cair” Portugal, pois necessita de um bom exemplo na Europa, para provar que a receita resultou. Qualquer dos dois caminhos, só pode conduzir ao desastre.

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