2014/12/20

"A cultura em geral, a arte, têm de servir para que as pessoas possam ser melhores"



Jordi Savall deu uma notável entrevista à Visão. A ler. Entre muitas outras coisas importantes, afirma que "vivemos numa época global mas apenas para o comércio. Não conseguimos ainda que seja um mundo global para a política, para a ética, para a moral. E aí é que estamos falhando. Fazemos todos os tratados para que se possa vender tudo, em todo o mundo, mas não somos capazes de nos pormos de acordo por uma ordem universal de ética, de moral, de justiça (...) O que se faz no comércio teríamos de o fazer também na ética, na educação, na justiça."

3 comentários:

Raul Henriques disse...

Uma precisão: a "época global" é "apenas para o comércio", se se considerar que a finança é comércio, já que transacciona dinheiro. Ora o sector financeiro excede em muito o "comércio" e é a sua hegemonia (global) que é responsável pelos problemas que vivemos. A financeirização da economia é a grande responsável das crises. Temos de perceber é a produção e não o dinheiro quem cria riqueza.

Carlos A. Augusto disse...

Sim, concordo em absoluto Raul. No entanto creio que o Savall se refere aqui a uma outra dimensão, se se tiver em conta a totalidade da entrevista (reitero o seu interesse e recomendo a sua leitura integral).
Ele fala no contexto do papel da arte e da cultura na definição do carácter humano e da sua fragilidade enquanto agente de mudança, mas do seu papel superior nessa definição. A incapacidade, pelo que percebo, em atingir um acordo que contemple as matérias da cultura, da educação, da justiça, da ética, radica na incompreensão do papel destas áreas e na fragilidade do seu potencial de intervenção. Só uma sociedade capaz de compreender este papel será baseada em valores humanos. Por que razão se estabelecem acordos globais sobre finanças (uma criação humana) mas não sobre música (outra criação humana)?

Carlos A. Augusto disse...

Creio que o que o Savall quis dizer está resumido simplesmente nesta frase...