À excepção do crescimento exponencial do BE, os resultados destas eleições não surpreenderam.
A coligação governamental ganhou, mas sem maioria absoluta (como era esperado).
O PS perdeu ingloriamente (sem conseguir melhorar os resultados de Seguro).
A CDU, apesar de menos votos que o BE, aumentou a percentagem, cresceu em votos e em deputados, sendo agora o 4º partido na AR (o que pode indiciar o fim da "era" Jerónimo).
A entrada do PAN na AR, sendo interessante, não altera o equílibrio de forças no Parlamento.
Posto isto, que conclusões (necessariamente provisórias) há que retirar?
Os portugueses, descrentes da política, voltaram a abster-se em percentagem significativa (43%) e, entre um mal (conhecido) e um futuro (desconhecido), optaram pela coligação governamental, ainda que esta tenha recebido menos 700.000 votos do que nas últimas eleições.
Para esta votação, terão contribuido diversos factores, entre os quais o "fantasma" da governação Sócrates, o efeito Syriza e alguns indicadores positivos, entre os quais o regresso de Portugal aos mercados e os juros da dívida aos níveis mais baixos de sempre.
E agora?
Cenários possíveis:
1) Cavaco, impossibilitado de convocar eleições, irá convidar a Passos Coelho (PàF) a formar governo. Este não tem maioria absoluta no parlamento e não poderá governar em minoria, a menos que a oposição se abstenha.
2) Cavaco convida o 2º partido mais votado (PS) a formar governo. Costa, debilitado pela derrota, poderá tentar convencer os partidos à sua esquerda (BE e PCP) a apoiá-lo, mas dificilmente conseguirá, dadas as exigências de ambos os partidos.
3) O impasse pode eternizar-se, o que conduzirá, inevitavelmente, à convocação de novas eleições. Estas só poderão realizar-se, após a eleição do novo presidente da república (Janeiro de 2016) e nunca antes de Março...
Tudo ficou menos claro e a crise não acabou.
Caminhamos para uma situação à "grega", já que não é expectável que Costa viabilize um novo governo PSD/CDS e, menos ainda, que consiga entendimento à sua esquerda (BE/PCP).
De todos os partidos, o PS foi aquele que sofreu maior derrota. Será no interior desse partido que iremos assistir às maiores clivagens entre as facções existentes. É tudo menos certo que António Costa se mantenha como líder por muito mais tempo, pelo que será necessário um congresso clarificador, após as eleições presidenciais. Se Marcelo concorrer e ganhar, o PS poderá mesmo "implodir" e tornar-se uma espécie de PASOK à portuguesa.
Não está fácil a vida política portuguesa, mas entre o pântano actual e a incerteza futura, venha a clarificação.
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