2019/08/14

A "salto" por terras beirãs


Vieram do país e do estrangeiro, ainda que todos tenham estado exilados por recusarem o fascismo e a guerra colonial. Eram cerca de setenta, entre homens e mulheres, irmanados na mesma causa: a evocação da passagem a "salto", pela fronteira mais emblemática de Portugal, nos anos em que a península ibérica era governada por ditaduras.
O encontro, denominado "Jornadas sócio-culturais da AEP61-74", decorreu nos dias 10 e 11 de Agosto em Vilar Formoso, foi organizado pela Associação de (ex)Exilados Políticos e teve o apoio da Câmara Municipal de Almeida, da Junta de Freguesia de Vilar Formoso e do Ayuntamento de Fuentes de Oñoro.
Do programa, no primeiro dia, destaque para uma entrevista colectiva à Rádio Fronteira, que dedicou parte substancial da sua emissão ao evento; o filme "O Trilho do Poço Velho", de Luís Godinho, sobre a experiência de exilados que passaram a "salto" por esta fronteira; um debate, que contou com a presença dos historiadores Irene Pimentel e José Pacheco Pereira e da ex-deputada europeia Ana Gomes, que abordaram a problemática dos refugiados de então, quando comparada com a actual situação na Europa; os cantores Manuel Freire e Tino Flores, que preencheram a parte lúdica do evento com poemas e canções; e uma visita ao Museu da Paz/Aristides de Sousa Mendes, sobre os refugiados judeus da 2ª guerra mundial, instalado na antiga estação de combóios da vila.
O segundo dia, seria dedicado a percorrer parte do antigo "trilho", que atravessava a fronteira luso-espanhola e ao descerrar de uma placa evocativa da passagem a "salto", efectuada por milhares de jovens portugueses, que recusaram a guerra, optando pelo exílio.
Uma justa, ainda que tardia homenagem, a todos aqueles que, de alguma forma, contribuiram para a denúncia e recusa de uma ditadura ignóbil, que governou Portugal durante 48 anos. Para que a memória, não se apague.

2 comentários:

Emma disse...

Foi muito importante e emocionante para mim conhecer e compartir con vocês está experiência. Obrigadisima

Rui Mota disse...

Para o ano, há mais. Isto, agora, nunca mais pára...