Abrimos os jornais, ligamos a televisão ou a rádio, ouvimos o cidadão comum a falar e o que podemos nós constatar acerca da língua preferencial que os portugueses usam para comunicarem entre si, neste espaço a que se convencionou chamar Portugal? Usam o Português? Hardly..!
Nespresso? What else... Reuter's? Know now... Toshiba? Não, Tôsh'bâ! EDP Renováveis (EDP!)? Powered by nature... E não esqueçam que It's a Sony... E visitem La Caffé, design Restaurant e espaço Lounge (sic)...
Mas, não é só no domínio da publicidade e dessa coisa a que chamam gestão que dominam os anglicismos. Ontem mesmo, Vital Moreira (professor universitário) lançava logo no início da sua habitual crónica do Público: "Um think tank britânico de esquerda elaborou um ranking dos países da UE quanto à qualidade da "democracia quotidiana" (everyday democracy)..." Parece uma daquelas conversas do Lauro Dérmio!
Enfim, não nos faltam exemplos que me sugerem a ideia de que antes de pretender alcançar um acordo ortográfico entre os países de língua oficial portuguesa (vulgo PALOPs), Portugal deveria rever este relacionamento bizarro que tem com a sua própria língua. A discussão sobre o pretenso acordo ortográfico, os abaixo assinados e as petições... miss the point!
É que por este andar o português, dentro de algum tempo, vai-se transformar num crioulo qualquer, tipo caribenho, ou, na melhor das hipóteses, em mais uma variante do inglês. Nessa altura não valerá a pena pensar em acordo ortográfico, porque, como se sabe, os países anglófonos convivem muito bem com a sua diversidade linguística.
Valha-nos Deus! Ou deveria dizer "veilhemnús góde", em inglês...?
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