2008/05/04

Ainda a propósito da juventude e política

Dois artigos sobre a questão da juventude e o 25 de Abril que merecem algum comentário. Tiago Tribolet de Abreu (TTA) escreveu no Público (08/05/01) um artigo intitulado "A geração de Abril ou os velhos do Restelo que se seguem" e hoje Daniel Sampaio (DS) escreve, também no Público, um outro chamado "Vendedores de ilusões."
Escrevo estas notinhas no seguimento do que eu próprio escrevi há dias sobre o tema.
O primeiro articulista "atira-se" ao que chama a "geração de Abril" e zurze forte e feio a geração que tinha 20-30 anos em 74. O segundo fala dos discursos pronunciados na AR pelo deputado José Moura Soeiro e pelo PR.
Devo confessar que o artigo de TTA me apanhou em cheio! Serei sem dúvida um dos visados no artigo, porque estava justamente na casa dos 20-30 anos em 74. E partilho os reparos que ele faz a esta geração que é a minha. Quanto ao artigo de DS, também me tocaram bastante as palavras do deputado Soeiro. O que "desempata" então isto é o discurso do PR. Não partilho de todo os elogios --como aliás deixei claro no meu post sobre este assunto-- que são feitos ao PR por ter abordado esta matéria no seu discurso na Assembleia.
Como disse no meu post "parece mesmo que o cidadão que ocupa actualmente o cargo de Presidente da República não contribuiu generosamente, enquanto primeiro ministro" para o desinteresse da juventudo pela política que hoje aponta com a solenidade de uma intervenção na AR.
Mas, não é só afinal o PR que chuta para canto. No fim de contas até o percebo. O pior é que olhando para a sociedade portuguesa hoje, ó Tiago Abreu e ó José Soeiro!, continuo a ler nas vossas palavras a auto-desresponsabilização, o atirar as culpas para o parceiro, o mesmo queixume e a mesma lógica do "pronto a vestir". Continuamos a observar um estado quase doentio de inanidade e uma languidez patológica. E nisto, Tiago Abreu e José Soeiro, não há generation gap! Estamos todos no mesmo barco. Na hora de ser coerente falhámos e falhamos, vocês e nós... Observo os mesmos padrões de comportamento nos "vintistas" de hoje e nos "vintistas" de ontem. Na minha geração ainda houve muita resistência e demonstração de coragem. A vossa resiste a quê?
Se é verdade que há um défice patético de modernidade nos cinquentenários e sexagenários de hoje (já eram "antigos", muitos deles, há trinta anos, acreditem...), há um enorme défice de coragem e de sentido de responsabilidade nos "vintistas" de hoje. Sacodem a água do capote para os "vintistas" de ontem, como gerações sucessivas de portugueses têm feito para as gerações precedentes desde há séculos...
Estou farto de ouvir o mesmo discurso! Estão à espera de quê? Que o futuro vos seja dado por aqueles que vocês criticam? Por este andar a "espécie" velho do Restelo já tem descendentes anunciados...

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