Um dia aquela a quem eu chamo minha mãe não conseguia andar. Os anti-inflamatórios, tomados durante alguns dias, pareciam não estar a induzir melhoras e o médico assistente recomendou radiografias para se ver se havia alguma fractura.
Ambulância para lá, e horas de espera entre preenchimento de fichas, observação por médico de serviço ao banco do hospital, RX, constatação de que, felizmente, não havia qualquer fractura, chamamento da ambulância para o regresso, mais uma hora de espera.
Eis-nos dentro da ambulância, com um bombeiro a conduzir e uma simpática bombeira a acarinhar a minha mãe e a falar comigo. E se ela falava!
Quando tal se tornou evidente, percebeu-se também o sentido autocrítico dela:
-- Espero que isso não os incomode, mas adoro falar; e falo pelos cotovelos. Estou nos bombeiros, mas o que eu gosto é de estar com as pessoas. Ainda hoje de manhã, numa acção de formação sobre incêndios, me procurei esconder e passar despercebida. Tenho colegas que vêm para cá para combater os incêndios, mas eu fujo do fogo como o diabo da cruz. Alguns dos meus colegas acham que é um frete sair na ambulância, mas eu sou a primeira a oferecer-me. É por isso mesmo que eu estou aqui; porque nestas saídas estou com as pessoas, ajudo-as, falo com elas, aprendo, vivo. E quando não falo directamente ponho a conversa em dia no meu blogue. Também aí falo com as pessoas; falo eu e elas respondem, e volto a falar e os outros a falar comigo. Tenho sempre coisas para dizer.
Dizem que o nosso país não atingiu um patamar de riqueza suficiente para haver estímulo para o voluntariado. Cruzei-me outro dia com umas estatísticas que constatavam estarmos um abismo abaixo da média europeia também neste aspecto.
Aquela mulher de uniforme vermelho, oferecia alegremente o seu sábado para conversar com as pessoas que precisam de ajuda. É tão raro as pessoas darem sem pedir nada de material em troca, que isso me estimulou a prestar-lhe aqui esta modestíssima homenagem.
Bem aventurados sejam os voluntários!
Ambulância para lá, e horas de espera entre preenchimento de fichas, observação por médico de serviço ao banco do hospital, RX, constatação de que, felizmente, não havia qualquer fractura, chamamento da ambulância para o regresso, mais uma hora de espera.
Eis-nos dentro da ambulância, com um bombeiro a conduzir e uma simpática bombeira a acarinhar a minha mãe e a falar comigo. E se ela falava!
Quando tal se tornou evidente, percebeu-se também o sentido autocrítico dela:
-- Espero que isso não os incomode, mas adoro falar; e falo pelos cotovelos. Estou nos bombeiros, mas o que eu gosto é de estar com as pessoas. Ainda hoje de manhã, numa acção de formação sobre incêndios, me procurei esconder e passar despercebida. Tenho colegas que vêm para cá para combater os incêndios, mas eu fujo do fogo como o diabo da cruz. Alguns dos meus colegas acham que é um frete sair na ambulância, mas eu sou a primeira a oferecer-me. É por isso mesmo que eu estou aqui; porque nestas saídas estou com as pessoas, ajudo-as, falo com elas, aprendo, vivo. E quando não falo directamente ponho a conversa em dia no meu blogue. Também aí falo com as pessoas; falo eu e elas respondem, e volto a falar e os outros a falar comigo. Tenho sempre coisas para dizer.
Dizem que o nosso país não atingiu um patamar de riqueza suficiente para haver estímulo para o voluntariado. Cruzei-me outro dia com umas estatísticas que constatavam estarmos um abismo abaixo da média europeia também neste aspecto.
Aquela mulher de uniforme vermelho, oferecia alegremente o seu sábado para conversar com as pessoas que precisam de ajuda. É tão raro as pessoas darem sem pedir nada de material em troca, que isso me estimulou a prestar-lhe aqui esta modestíssima homenagem.
Bem aventurados sejam os voluntários!
2 comentários:
O problema do voluntariado é que não chega ter boa vontade, tem de se ter tempo para cumprir um compromisso. Tempo é coisa que cada vez menos se arranja, até porque para alguns: tempo é dinheiro. Compromisso é coisa que cada vez menos se quer ter, sobretudo quando dá trabalho; porque trabalho é coisa que, quando se tem, não se quer ter. Já para não falar na responsabilidade que acarreta, nesse caso, levar um doente; quem é que quer ter responsabilidades hoje em dia? Depois há o outro lado. O lado de quem corre por gosto. De quem ruma contra a maré. De quem sente que fez um bem. De quem gosta de estar com as pessoas só para falar.Mas esse lado são poucos os que querem ter a oportunidade de sentir
Ser voluntária no meu corpo de bombeiros é uma das maiores realizações pessoais que já pude experimentar até hoje. O prazer de poder ajudar e, com isso, obter alguns sorrisos, ou apenas a gratidão num olhar, de honrar, também, o compromisso do voluntariado (cumprindo escrupulosamente os horários impostos, pois a doença não escolhe dias nem minutos para dar ar de sua graça), traz conforto à alma e sossega-nos o coração.
Muito obrigado por este texto. Sinto-me muito lisonjeada com o mesmo. :)
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