2007/12/31

Para o ano há mais...

E pronto, terminou o ano. Ou quase. Dos objectivos traçados, poucos ou nenhuns foram (pelo governo) cumpridos. Salve-se o controlo do "déficit", conseguido à custa do aumento do IVA e dos impostos pagos pelos portugueses. Nas restantes áreas, os resultados são desanimadores: temos a terceira maior percentagem de desempregados da UE (8,2%); continuamos a crescer abaixo da média europeia (1,8%); o nosso rendimento per capita é o 19º da Europa a 27 (tendo já sido ultrapassados pelos novos membros, a Eslovénia, a República Checa e Malta); o nosso salário mínimo é o 11º dos 20 países onde este foi instituido; temos a maior disparidade de leques salariais (1 para 7); fomos o único país que desceu no "ranking" do PNUD e encontramo-nos agora em 29º lugar entre os 30 países mais desenvolvidos.
O analfabetismo estrutural é de 8% (a maior taxa da Europa) enquanto o analfabetismo funcional ultrapassa os 40%. Dos nossos empresários, só 25% têm mais do que o 9º ano. De acordo com o sistema de avaliação PISA, temos os piores resultados a matemática e ciências exactas em geral. A emigração voltou a aumentar (sinal de maior pobreza) e muitos dos imigrantes recém-chegados, partiram para Espanha ou regressaram aos seus países, por falta de trabalho em Portugal.
Nas grandes áreas, onde supostamente devia haver reformas, como a educação, a saúde, a justiça e a administração, reina a confusão deliberada e a incompetência. A ano e meio de eleições, não se prevêm grandes modificações e muito menos reformas estruturais, pelo que as perspectivas só poderão ser sombrias.
Como chegámos aqui? Dizem-nos que o mal é da (fraca) produtividade e que esta é determinada pela (in)capacidade em gerir valor acrescentado. Somos pouco competitivos e por isso a riqueza que gerimos não dá para distribuir melhor. Por isso é que o nosso salário mínimo é de 426 euros, enquanto no Luxemburgo é de 1570... Cá me queria parecer, isto está é mal distribuido. Calculem só: enquanto 10% dos portugueses detém 80% da riqueza nacional, dois milhões (20%) vivem no limiar da pobreza (com menos de 500 euros por mês) e mais de 200.000 abaixo desse limiar (os que são ajudados pelo Banco Alimentar). Uma chatisse, esta coisa das estatísticas...
Só resta desejar que 2008 seja melhor do que aquele que finda. Boas entradas!