2008/03/08

Reforma Zero

O governo e a ministra da educação vão ter agora um enorme dificuldade em avançar com qualquer reforma do ensino. Os professores ganharam uma força que os ilibou automaticamente de quaisquer responsabilidades no que respeita à questão da qualificação dos portugueses, passada e futura. Tudo vai ficar na mesma.
De paixão em tragédia, assim se transformou a questão do ensino. Depois de todos estes meses, o que fica deste tema é que uns são "pró" outros são "contra"...
Perdemos (mais) uma oportunidade. Seria preciso muito bom senso e muita disciplina individual para ultrapassar a "reforma zero" que vai daqui resultar. Mas, como se previa deste confronto estúpido e inútil entre um governo de nabos e incompetentes e uma classe que não parece estar à altura das necessidades do país, bom senso é palavra que não existe e disciplina individual só se for imposta por uma qualquer carga de chuis solícitos... Não há, pois, nada a esperar.
Os juros políticos que todos iremos pagar por esta aventura vão ser certamente pesados, mas isso até é o menos. O País, esse, segue, como sempre, dentro de momentos.

5 comentários:

Rui Mota disse...

Em teoria pode dizer-se que a ministra está "certa" e 100.000 professores estão "errados", mas é difícil acreditar.
Há, no entanto, uma coisa que eu ainda não percebi: como é possível exigir avaliações aos professores, num momento em que se facilitam as avaliações aos alunos?
Mais do que "correr com a ministra", eu começaria por fechar o ministério: "ano zero" para o ministério, parece-me ser, para já, uma boa contribuição para este impasse.
Entrámos no reino da incompetência total!

i figueiredo disse...

Ó Carlos Augusto, você escusa de repetir o Cavaco, muito menos num blogue destes. Não há necessidade, carago!! Aliás, você ainda me vai surpreendendo (pela negativa, claro está): o seu discuros sobre esta matéria é um misto entre o do Cavaco (o "bom senso", as "responsabilidades") o da rodrigues (a "ilibação" dos professores, a sua "incapacidade de estar à altura" de tão profundas e extrordinária reformas para bem dos "professoreszecos")e o do inefável e acaciano deputado José Lello ( o resto que você escrevinha). De certeza que não nos conhecemos!!
Já lhe perguntei uma vez, mas você não respondeu, como é que um músico como você é encara a reforma do ensino artístico e, particularmente, do ensino da música. Isso é que é importante discutir. Como é importante discutir (e ninguém, mas mesmo ninguém, fala sobre isso)as condições fantásticas da grande maioria das nossas escolas: pavilhões pré-fabricados "provisórios" há 26 anos (posso dar-lhe imensos exemplos) sem condições nem para armazém de materiais apreendidos pela ASAE, escolas sem ginásios, sem computadores (muitas, muitas...), escolas onde deixou de haver manutenção diária de limpeza e outras, por falta de pessola e dinheiro para tal, etc., etc., etc..
Nisso, como na avaliação dos professores e nas aulas de substituição estamos iguais à FInlândia (o paradigma desta gente socrática). E isso não é da responsabilidade da rodrigues e da sua equipa - eles estão lá com a missão de fé de apenas legislar sobre a avliação dos professores e das aulas de substituição...
Você já leu, por acaso, o novo estatuto do aluno? Vocêr já viu, na mão, na sua mão, a documentação da rodrigues para avaliar os professores? Bom senso, de facto, precisa-se, mas deverá começar por você (e pelo Cavaco...).
Quanto ao comentário do Rui Mota, estou inteiramente de acordo.
NOTA: posso garantir-lhe que não sou professor e que não existe ninguém, cá em casa, nessa infeliz condição. Também não fui ontem à manifestação...

Carlos A. Augusto disse...

Ó Ivo não me insulte pá!!
Eu já escrevi aqui sobre o que acho desta questão dos professores. Não me vou repetir.
Mas, vamos deixar então mais as coisas claras. Acho esta governação um desastre! Não sou PS, odeio o PS, não defendo o PS!
Você insiste na questão da reforma do ensino da música, mas o que quer que lhe diga?! É um atentado, claro! Mas há alguma dúvida sobre isso?!! Como é um atentado o estatuto do aluno e a avaliação de professores!! Claro que são coisas para condenar liminarmente!
Esta ministra é um desastre completo, claro! Este governo é, em matéria de educação, uma vergonha!! Se fosse só nessa área já era motivo de sobra para os deitar abaixo. E ainda há o resto...
Mas, o que é que quer que lhe diga? Que os professores são uns anjinhos inocentes, devotados totalmente à causa do ensino? Não são!
Quantos professores escolheram a profissão por outra razão que não fosse a de, simplesmente, não encontrarem outro emprego? E quantos professores estarão preocupados com outra coisa que não seja, simplesmente, garantir o "seu"? Ouço-os e é raro escutar uma palavra que não reflita apenas um pensamento corporativo e um feroz egoismo, aliás típico dos tempos que correm...
Porque estamos nós na cauda das estatísticas no que respeita a literacia, a cultura científica, a desempenho na área da matemática? A quem se deve tudo isso? Olhe, a mim não é de certeza...
Por muitas manifestações que façam e por muita capacidade de mobilização que demonstrem ter o que fica dos professores (perdoem-me os que o são sério!!) é a de um bando de "baldas", campeões do horário zero, das faltas ao abrigo do artigo não-sei-quantos e da indisponibilidade permanente.
Você consegue distinguir, neste argumento do "excesso" de trabalho, entre o que será efectivamente o excesso e a balda? Eu não?
Contam-me coisas extraordinárias relativamente a professores com horário zero que se agarram a tudo o que podem para se baldarem às tarefas que lhes são legitimamente distribuídas. Contam-me coisas extraordinárias relativamente a coordenadores de grupo que no exercício das suas funções não conseguem marcar reuniões de grupo
com base nas mais delirantes justificações.
São coisa que se contam...
Quanto às "condições" em que os professores trabalham, mas que raio de argumento é esse? Vivemos em Portugal... TODOS temos razões de queixa relativamente às condições de trabalho! TODOS! Você já entrou num hospital? Já entrou numa esquadra de polícia? Você já visitou um tribunal? Diga-me lá se essa gente não trabalha em condições igualmente más ou, mesmo, piores...
O que nunca ouvi (talvez tenha sido dito, mas eu nunca ouvi) foi um professor dizer que as condições em que trabalha afectam a qualidade do ensino ministrado e a vida dos alunos...
Será que só os professores é que são vítimas das condições deficientes de trabalho? E será que só há nas escolas é que há condições deficientes de trabalho?
Por tudo isto é que falei em "bom senso". Não é uma tirada "cavaquista" (nunca gramei o personagem!), mas sim a constatação de que é preciso promover alterações no ensino, elas são de facto essenciais, mas terão de ser feitas como se tratasse de uma cruzada de todos.
Não foi o caso. Os motivos que levam a esta tentativa da rodrigues (como vê não me repugna usar a mesma grafia...) são para mim cada vez mais claros: o governo quis arranjar aqui pretexto para aplicar a mesma receita "financeirista" que usa noutras áreas. Fechar escolas, urgências, serviços, sem dó nem piedade e sem alternativas, apenas para agradar a Bruxelas parece ser aquilo a que se resumiu o seu programa.
Mas, mexer nesta área era legítimo e necessário.
Já agora, provavelmente escapou-lhe um post que escrevi sobre isto em Janeiro (onde digo que "somos todos culpados" pelo estado a que isto chegou), mas peço-lhe que o leia, incluindo os comentários... Está aqui.
Ora leia e diga lá...
Mas, há uma coisa certa no meio disto tudo: não é só a rodrigues que tem culpas no cartório!! Não me insulte!

i figueiredo disse...

Em primeiro lugar, acredite que não foi minha intenção insultá-lo: é uma forma mais sarcástica de abrir a discussão, nada mais.
Depois, quando refere os hospitais e tudo o resto, obviamente que sim. Mas nós aqui estávamos a falar apenas de e da educação. Ou não era?
Em relação aos profesores, você faz generalizações bastante injustas e, sobretudo, muito perigosas e claramente demagógicas. Falar em "balda" ou "garantir o seu" parece-me muito pouco correcto e dá a entender um qualquer discurso revanchista sobre alguém ou sobre uma profissão absolutamente parcial e irracional.
Conheço e tenho como amigos vários professores e professoras e, garanto-lhe, quase todos (há uma excepção num universo de 10 ou 12) são grandes profissionais e com enorme empenho naquilo que fazem há muitos anos. Posso também dar-lhe conta de uma experiência pessoal que contraria todo aquele seu arrazoado contra os professores: a minha filha mais nova frequentou uma escola privada em Lisboa (considerada das melhores do nosso país) e uma escola secundária pública, no centro de Lisboa. Não me arrependi, nunca, dessa dupla experiência e garanto-lhe que o nível de ensino na pública era tão bom e tão exigente como na privada. Por outro lado, nos 4 anos que andou na escola pública, tirando uma ou outra falta dos perfeitamente normal dos professores, as diversas vezes que não teve forçadamente aulas foi "apenas" porque quando chovia com intensidade, faltava logo a electricidade na referida escola (no centro de Lisboa...)ou a longa idade dos quadros e sistema eléctrico (mais de 45 anos!!) punha em perigo a integridade fisica dos alunos, professores, funcionários, carteiro, cão comum e tudo aquilo que mexia...
Posso, aliás, dizer-lhe (se quiser pode lá ir constatar) que essa escola, antigo Liceu, está precisamente na mesma, incluindo carteiras, laboratórios, vidros partidos, etc., de quando deixei de ser seu aluno há mais de 40 anos!! Tudo isto apesar dos esforços continuos dos diversos conselhos directivos. Daí eu referir o problema das instalações: não falei por acaso ou porque me apeteceu. Isto é extraordinário, mais a mais sabendo que é ao ministério da rodrigues (e dos outros rodrigues que por la´têm passado) que compete zelar por tudo isto.
Por último, parece-me a sua atitude tão arrogante e tão desiquelibrada como a da rodrigues ou do inefável júdice: então o bom senso falta a 143.000 individuos, e quem o tem é uma senhora que por acaso é ministra.
Já agora não confunda coragem e resistência (como alguns "pensadores" da nossa praça classificam a atitude da rodrigues)com autoritarismo, prepotência, teimosia e insensibilidade ( a mulher, neste particular, assusta mesmo, nem pestaneja). E, sobretudo, ninguèm pode governar ou gerir seja o que for contra a esmagadora maioria de quem lá vive ou trabalha: isso é o principio básico de todo o pensamento totalitário.
Por mim, já estou enjoado de rodrigues e companhia. Mudemos de assunto.
NOTA: de qualquer forma, pode-lhe-ei explicar um dia o porquê desta ministra e daquilo que ela faz e ainda vai ter que fazer. Pense e faça contas de cabeça...

Carlos A. Augusto disse...

Esta do "insulto" foi igualemente uma forma de dar um pouco de picante ao nosso diálogo ó Ivo :-)
Eu também tenho gente chegada que exerce a profissão de professor. É justamente essa gente que me conta o que se passa. Não quero ofender os Professores (aqui também com maiúscula para os distinguir) e eles sabem perfeitamente de quem estamos a falar quando dizemos isto.
Quanto ao argumento dos não-sei-quanto milhares, desculpe lá mas não posso concordar consigo. Nunca fui grande admirador das massas e há inúmeros exemplos de situações em que as massas não estavam do lado certo da história... Ou não há...?
Já quanto a atribuir responsabilidades à rodrigues & rodrigues, lda estou inteiramente de acordo. Há de facto uma responsabilidade colectiva nisto tudo. Como lhe dizia antes "somos todos culpados". Somos por ventura culpados, você e eu, por só agora estarmos para aqui a falar abertamente destas coisas.
A mim resta-me a desculpa de ter sido expulso de professor antes do 25 por ter tentado uma via de ensino mais livre...
Mas, se calhar podia ter feito ainda mais.