2008/11/25

Uma questão de espessura

Não há actos gratuitos em política. E como sabemos da história, as coisas por vezes podem não querer dizer o que parece. O comunicado do PR, esse, está cheio de significados. Pelo que diz, mas sobretudo pelo que não diz. A pressa com que Cavaco Silva saíu a "esclarecer-nos" que nada o liga ao BPN pode ser interpretada de diversas formas. Podemos entendê-la como uma tentativa de cortar um mal pela raiz, neste país de "campanhas". A reacção de uma pessoa simples e directa que se sente. Mas também poderia ser entendida --se fossemos mauzinhos...-- como uma tentativa de levar a opinião pública a esquecer que no caso BPN estamos perante gente do universo político do PR, que com ele colaborou intimamente e que se limita a seguir um padrão que floresceu de forma particularmente exuberante na sociedade portuguesa durante o seu consulado como primeiro ministro. Uma outra leitura também possível da actuação do PR, sugere que este se colocou ao nível do pior que a sociedade portuguesa pode produzir, de modo passivo e submisso. Se ele tem medo das "campanhas", que será de nós, pobres pagadores de impostos?
Em todo o caso, falta a tudo isto espessura. Os padrões da causa pública e o sentido de Estado que sentimos escorrerem de toda esta trapalhada são inaceitavelmente fininhos e quebradiços...

1 comentário:

Rui Mota disse...

A intervenção do Cavaco pode ser interpretada de várias maneiras: a de homem "impoluto" e "acima de qualquer suspeita"; a do separador de águas ("o inferno são os outros", diria o Sartre); a de "aviso" às hostes (Dias Loureiro incluido) de que é melhor não o meterem no "complot", porque senão...
Nunca li nada que o acusasse e, até ver, merece o crédito da nação. É assim uma espécie de Eanes: reaccionário, mas honesto.
O problema é que "isto" já não tem solução possível. Disso mesmo devem ter consciência os "políticos" e o poder que não é político. Para já é tentar "aguentar o barco". Depois logo se vê: Quem vier atrás que feche a porta.
Espero, nessa altura, já estar bem longe daqui, digamos aí uns 3000km que é uma distância respeitável. Suficientemente longe para não sentir as "ondas de choque" e ainda perto para vir cá de férias ver o Allgarve...