2008/11/06

Missile, anyone...?

No exacto dia em que Obama festejava a sua inequívoca vitória, surge uma visão fugaz do que vai ser o futuro real. A dupla Putin-Medvedev --um adversário mais duro de roer do que foi a dupla McCain-Palin-- anuncia, sem cerimónias, a instalação de mísseis em Kalininegrado, bem junto à fronteira polaca.
Terá sido decerto o "telegrama de felicitações" mais expressivo que Obama recebeu...
Tudo isto parece tirado de um filme antigo, baseado num qualquer livro de John Le Carré. Mas, não nos iludamos, esta novela é real.
A Rússia parece apostada em seguir a doutrina Bush, mas com um Bush a sério, agora que o ainda inquilino da Casa Branca se prepara para voltar a casa, fechando as malas e metendo o Scottish Terrier na carrinha. Já noutras ocasiões tivemos ocasião de assistir a ensaios desta peça e observar o desempenho russo...
Vamos ver como é que o Presidente Obama irá lidar com esta matéria. A Rússia, mesmo com a sua rendição aos encantos do capitalismo, parece totalmente insensível (tanto no plano cultural, como no económico) aos apelos ao ressurgimento do "American dream" do novo presidente e mostra-se apostada em baralhar as contas dos que acreditam num futuro mais calmo.
Vejamos se os russos não estão persuadidos do mesmo que Obama e os seus seguidores: "yes we can!"

1 comentário:

Rui Mota disse...

A posição da Russia era expectável. Ferida no seu orgulho, depois do debacle da União Soviética, era uma questão de tempo e o velho "urso" voltaria a mostrar os dentes. Com governantes (Putin e Medvedev) formados nas escolas do KGB e um território rico em matérias energéticas (gaz e petróleo), os russos sabem que podem voltar a jogar o papel da superpotência, agora que o poder unilateral dos EUA está em desagregação e outros países emergem na arena internacional, Brasil, Russia, India e China (os chamados BRIC).
Os mísseis na fronteira polaca são uma resposta aos mísseis da NATO junto da fronteira russa...
É um erro pensar que os Russos são domáveis e querem pertencer ao Ocidente. Nunca o quiseram no passado e nada faz prever que o queiram no futuro. Já Churchill avisava para este monstro adormecido: "na Russia tudo é mutável, menos as reformas".