2008/04/14

Glossário ultra rápido do boyísmo (1)

Este glossário não respeita ainda as regras do acordo ortográfico, segue a sina antiga do p em óptimo e do c de gaita em facto, assumindo no entanto o y de boy sem receio de quem, sendo pelo ph, tenha, de há muito, optado por ser habitante de uma solidão elitista vocabular, em Ortugal (queda involuntária do P que, como na anedota do lete e do cafei, fugiu para Pespanha) e se decida pela agressão verbal contra o precário autor destas notas, um zé ninguém.
No país dos boys é óbvio (em breve obio) que boy e não boi prevalece dado que boi pertence manifestamente ao léxico taurino (tauino após a previsível queda do r de cornos, conos no âmbito acordado, coisa feia e não existente, que se grafará dentro de cinco anos istente).
Porctanto vejamos:
1. O Y distingue o boy do boi. O primeiro fala portinglês e o segundo fala à quarta classe antiga sendo mais clarividente e sensato que o primeiro. É porctanto comum e precvisível ouvir o boy dizer performance como flop como spréde como self made woman assim como nunca usa a expressão fast thinking apesar de portinglesa.
2. O verdadeiro boy usa gel e não usa chapéu. Normalmente o gel é da cor do nó da gravacta ou vice-versa.
3. O boy é de código genético um vice que sonha permanentemente com a oportunidade de ser um primeiro e que, logo que possa, mata o parceiro para lá chegar. Nos cromossomas traz um bafejo cheirando a nabos, a humildade dos nascidos remediados toscos numa beira alta ou baixa e gosta de n coisas caras nomeadamente de sonhar aristocrata turbo.
4. O boy é politicamente correcto pela frente e ladrão por detrás, chegando a vendar o pai, a mãe ou os irmãos. É muito comum não falar com a irmã mais velha por causa da quarta classe antiga dela.
5. O boy é centrista para os dois lados.
6. Os boys crescem como erva daninha.
7. Um boy pêessedê é muito diferente de um boy pêesse. O boy pêessedê consegue ser mais moderno, usar outro tipo de gel e o boy pêesse é mais ligado às sondagens e a perfumado de fresco.
8. Os boys detestam-se e chamam-se boys uns aos outros, depreciativamente, com o ânimo exaltado dos que afirmam o direito à indignação.
9. Há o grande boy de conselho de administração e há o pequeno boy para-autárquico. É comum que o último, depois de sete anos de nojo, chegue a um conselho privado de administração empresarial local ou mesmo público.
10. A história dos boys remonta à introdução do vinho do Porto nas encostas soalheiras do Douro aquando da chegada dos ingleses que nos descobriram assim como nós descobrimos os indianos da Índia. Nessa altura a palavra boy significava rapaz e não rapace, sentido actual do termo. O que os foi unindo na classe dos boys – o sindicato é clandestino – foi a defesa do mesmo princípio relativo à comissão: comissão para cá ou nada feito é a expressão que mais se ouve sempre que se fala de fazer qualquer coisa em que entrem dinheiros públicos. O boy nunca fez nem fará nada de próprio porque ele é, como diz Agamben, o pequeno burguês planetário, o que tudo aposta na indiferenciação indistinta. O boy age sempre na sombra e por conta própria. O boy é mais perigoso que o boi mesmo quando este é da lezíria.
É por estas razões que não gosto dos boys e gosto dos bois.
Finalmente o boy é um AMELO.

(1) Este glossário assume de modo vanguardista uma nova ordem alfabética atirando claramente o a de A para o fim das letras e assumindo o y de boYísmo como a letra Um.

2 comentários:

Rui Mota disse...

"Eles andem" aí e tão depressa não nos vemos livres de tais bois.

Rini Luyks disse...

Outro característico do verdadeiro boy: ele sabe demitir-se com grande dignidade e abnegação do seu cargo político no momento certo, por exemplo quando é (falsamente, claro) acusado de um deslize fiscal (Toni Vitorino) ou quando cai uma ponte (Jorge Coelhone). Este tipo de boy encontramos mais no PS.
O boy tipo PSD é mais "honesto", quer dizer tem mais descaramento. Exemplo supremo: um Ministro de Obras Públicas (Betoneira do Amaral) a conceder contratos a uma empresa Lusoponte para depois do seu mandato assumir o cargo de Presidente do Conselho Administrativo dessa mesma empresa Lusoponte.
É claro que para um programa como a Contra-Informação o último tipo de boy tem muito menos interesse por causa da sua extrema previsibilidade.