2009/04/10

Cidadania (2)

Passaram nove semanas desde que requeri o meu "cartão de cidadão" e, até hoje, nada...
Preocupado, pois nunca se sabe o que poderá ter acontecido, dirigi-me à Loja do Cidadão onde tinha feito o pedido. Depois de 4horas (quatro!) de espera, devido a "erros do sistema informático", fui informado pela funcionária que o processo ainda não tinha dado "entrada" na Casa da Moeda (leia-se: não estava pronto para ser impresso).
Indaguei da demora, já que me tinham assegurado que não esperaria mais do que dois meses o que, convenhamos, é já de si um tempo excessivo, tendo em conta que se trata de um sistema que se quer "simplex". A funcionária, solícita, sorriu e foi dizendo que às vezes demorava 5 dias, mas havia casos em que chegava a demorar 5 meses!...
Estarrecido com a ideia de não ter o cartão pronto a tempo de votar contra este governo idiota que gere a coisa pública em sistema "powerpoint", dirigi-me ao departamento de gestão, onde expus o meu caso e solicitei o Livro de Reclamações. Depois de muitas hesitações, em que fui passando de "doutora" para "doutora" para explicar o motivo da minha irritação, lá condescenderam em entregar-me o livro.
Expliquei às "doutoras" e escrevi no livro, que não se admitia que um serviço como a Loja do Cidadão (supostamente criado para facilitar a vida às pessoas) fosse um ninho de burocracia, onde os "sistemas informáticos" falham regularmente, onde não há "senhas" nas máquinas, onde as pessoas esperam e desesperam em pé com medo de perderem a "vez" e onde a afluência a determinadas horas do dia é caótica. Também expliquei e escrevi, que me tinham assegurado que o "cartão de cidadão" (pelo qual paguei 12 euros) seria entregue num prazo mínimo de 10 dias e num prazo máximo de 2 meses e que já tinham passado nove semanas, com a perspectiva de ter de esperar 5 meses!...
Uma das doutoras, certamente espantada por ouvir coisas tão evidentes (os portugueses são normalmente subservientes e não costumam reclamar os seus direitos cívicos) mandou-me ir ter com ela ao seu gabinete. Lá fui e ela, solicita, foi consultar o processo. Que não, que eu estava enganado, pois o meu processo já estava na Casa da Moeda (leia-se: pronto a ser impresso) e mostrou-me o écran do computador para confirmar. De facto, na rubrica "Casa da Moeda", lá estava a indicação "deu entrada na CM". Agora, era esperar mais uma semana, talvez dez dias, devido aos feriados da Páscoa e, lá para dia 15 de Abril, devia receber uma carta em casa para levantar o cartão. À minha questão, como é que justificava a disparidade de informações no mesmo sistema (num lado, o processo não tinha dado entrada na Casa da Moeda, no outro já tinha dado entrada) ela respondeu, que bastava a funcionária ter clicado um digito errado para obter uma informação errada.
Erro humano, pois...
Última surpresa do dia: ao chegar a casa, e ao abrir o computador, tinha um Mail da Presidência do Conselho de Ministros (?!), a confirmar que tinham recebido a minha queixa, entregue duas horas antes na Loja do Cidadão. O "sistema" foi alertado, pensei cá para os meus botões. A "Loja" pode não funcionar, mas a Conselho de Ministros está "atento".
Conselho aos cidadãos deste país: quando entrarem numa Loja que ostente o seu nome, tenham medo, muito medo...

3 comentários:

Carlos A. Augusto disse...

A funcionária ainda tinha mini-saia e decote ou já estava uniformizada de acordo com as novas regras...?

Rui Mota disse...

Porque tive tempo para observar tudo muito bem, devo declarar que não vi mini-saias ou decotes na Loja do Cidadão. O respeitinho é muito bonito. A eficiência é que tarda...

Rini Luyks disse...

Toda a gente tem a ganhar com funcionárias em mini-saias e com decotes :
- funcionárias arejadas andam mais felizes e trabalham mais depressa do que senhoras abafadas em fardas da Era Victoriana;
- os clientes aguentam mais facilmente o tempo nas filas; digo mais: conhecendo os portugueses haverá clientes (e não serão poucos) que deixam passar a sua vez de propósito num ambiente de espera tão agradável aos olhos.