Há tempos escrevi aqui que pelo caminho que as coisas estavam a tomar, as eleições legislativas deste ano ameaçavam transformar-se numa parada de vitória para o Primeiro Ministro. A menos que ocorra uma catástrofe de grau 10, os meus receios encontram cada vez mais justificações.
Um dos motivos que me levou a escrever o que escrevi foi verificar que, olhando para a forma como o Presidente da República decidiu fazer frente ao Primeiro Ministro, ao seu estilo desastrado e inócuo, somos levados a suspeitar que este se deveria estar a rebolar de gozo com tanta facilidade. É gritante a falta de jeito revelada pelo PR e abismal a diferença de performance entre os dois para um combate que foi, justamente, levado pelo PR para terrenos onde ele se mostra --quase somos levados a concluir...-- de um amadorismo confrangedor.
Ontem, os orgãos de informação fizeram um grande alarido à volta de declarações do PR proferidas numa qualquer conferência pública. Grande puxão de orelhas dado ao governo e aos empresários por Cavaco Silva, nunca se viu nada assim, disseram...
Ontem ainda, o Ministro das Finanças achou a posição do PR "saudável", e hoje o Primeiro Ministro já veio dizer que o País não precisa de uma "política de recados"... O que é um facto. Numa frase, dita assim em tom quase inocente, a magistratura de influência, versão Cavaco Silva 2009, escaqueirou-se com estrondo.
Estou cheio de curiosidade em seguir os próximos capítulos desta novela que promete, mas cheira-me que alguém vai saír da contenda bastante mal tratado.
Para que haja equilíbrio de poderes é preciso que se saiba exercer o poder. O País, o tal que não precisa, de facto, de uma "política de recados", esse continua na mesma, à espera de saber qual é então a política necessária, porque a verdade é que, tirando os recados de um lado e de outro, pouco mais resta.
7 comentários:
É verdade que Cavaco não tem jeito, mas daí a deduzir que para o Sócrates são "favas contadas", ainda vai uma grande distância. Tudo indica que o PS ganha as eleições, mas não conquista a maioria absoluta. Neste cenário, restam três hipóteses: ou o PS governa em minoria (um governo que não durará muito tempo); ou o PS faz uma aliança com um pequeno partido (resta saber qual), ou o presidente obriga o PS a aliar-se ao PSD num governo de "salvação nacional". Nesse caso, o Cavaco ganha a partida. Pessoalmente, penso que o Sócrates, caso não ganhe a maioria, vai-se embora...aceitam-se apostas!
Eu estou a dizer que, numa lógica de agudiazação deste confronto, será sempre Sócrates o grande beneficiado. Se teimar em pisar estes terrenos o PR perde a parada. Pensar o contrário é subestimar perigosamente Sócrates.
Certo, mas a agudização só favorece o Sócrates até Setembro. Depois, depende do resultado das eleições. Se o PS perder a maioria, a instabilidade aumentará e os apelos a uma figura supra-partidária não deixarão de ouvir-se. A única figura que reunirá consenso será o PR. Além disso, os portugueses gostam de uma figura autoritária (Salazar, Cavaco, Sócrates, etc.), para pôr ordem na casa. Um paizinho. Está nos genes...
Sem dúvida. O dilema que temos pela frente é bicudo... Se ganha temos mais do mesmo, o que é péssimo! Se perde essa questão da figura tutelar coloca-se, claro, o que péssimo é...
Tens lugar para mais um, lá pela Borger Straat?
Para mais dois. É um T3...
Start packing!
Já agora...
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