2009/08/13

Um Grande BPN

Medina Carreira, no tom truculento que o caracteriza, deu ontem mais uma entrevista na televisão. Uma hora de crítica impediosa a uma classe que ele caracteriza como oportunista e que está na política para tratar da vidinha. Nada que não tenha dito em entrevistas anteriores ou que não saibamos por observação empírica. Sobre Medina Carreira há, normalmente, duas opiniões diametralmente opostas: ama-se ou odeia-se.
De uma coisa, no entanto, não podemos acusá-lo: é de ser incoerente na forma como - com números - explica o aumento da dívida externa e as suas consequências para o futuro da economia portuguesa. As contas são fáceis de fazer: ao ritmo de endividamento actual, o país estará ingovernável no prazo de dez anos. Produzimos pouco e mal, não criamos riqueza suficiente, importamos mais do que exportamos, necessitamos de empréstimos para manter o consumo interno e estamos, por isso, cada vez mais endividados, logo mais pobres. À crise interna e estrutural juntou-se a crise externa internacional e os indicadores económicos são péssimos. Mas, diz mais: as eleições que aí vêm não trarão qualquer alteração substancial (na melhor das hipóteses um governo minoritário que cairá ao fim de uns meses) e os programas partidários não passam de intenções que o seu "amigo Banana" subscreveria. Os partidos actuais estão enfeudados aos interesses económicos que vêem no poder uma forma de fazer negócios e empregar familiares e, por isso, com maioria absoluta ou maioria relativa, o sistema não mudará substancialmente. Portugal está transformado num "grande BPN".
À pergunta do entrevistador sobre o que proporia para mudar o estado do país, exemplifica: mais do que promessas, é necessário um diagnóstico sério (bastam três meses para fazê-lo) sobre as causas do nosso atraso e um governo que, com um programa mínimo, elimine os obstáculos que impedem o desenvolvimento português. Pessoas capazes (não necessariamente enfeudadas aos partidos) e coragem para executar um programa reformista sob a égide do PR, parece ser a saída preconizada por Medina. Não sabemos se esta fórmula resultaria, mas que a situação não pode continuar assim por muito mais tempo, parece-nos evidente. Para BPN já basta o Banco...

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