2010/04/01

Os instalados do regime

Alguém dizia hoje que o facto do BPP ser o primeiro banco a falir depois de reinstaurada a democracia era uma elucidativa indicação do estado em que estava a democracia. Talvez se pudesse, e fosse mesmo mais conveniente, colocar as coisas ao contrário: a falência desta democracia diz bem do estado a que chegou o BPP.
A falência desta democracia diz igualmente bem do estado em que estão as empresas públicas, a imprensa, as autarquias, a justiça e tantas outras das suas instituições. A falência da democracia diz bem do estado a que chegou... o povo! Sim, o povo vulgar, que cai na tentação de entrar neste samba. Hoje mesmo, numa operação da PSP e da GNR, foram detidas ou autoadas 130 pessoas, apanhadas a conduzir sem carta, alcoolizadas, com armas, droga, etc, etc. 130 pessoas numa noite de pescaria é obra!
Não me interpretem mal: sou partidário da democracia. Mas, por muito que não se queira, o problema de Portugal é mesmo um problema de regime. A democracia, esta democracia, não está de boa saúde e as causas não serão difíceis de encontrar.
Dá uma enorme vontade de rir quando nos lembramos da conversa dos bonzos da democracia actual,  falando, então como agora, dos excessos do PREC para justificar as suas investidas contra os partidos e forças que rotulavam --e rotulam!-- de radicais, e os vemos neste momento dengosamente refastelados nesta "democracia" que contrapuseram ao PREC, sobre a qual o Carlucci e seus acólitos verteram la sauce diabolique dos seus dólares, francos, deutsch marks e coroas. Foi contra o "radicalismo" de Abril que se ergueu esta "democracia" que agora temos, tão sóbria, contida, equilibrada, espartana e moralmente inatacável, como todos podemos observar... E foi nela que se instalaram os "anti-radicais" de antanho que hoje comandam, lambareiros e chocalheiros, todos os sectores da vida nacional.
Creio que a democracia não tem arcaboiço para uma média tão elevada de escândalos por dia. Creio que nenhuma democracia, digna desse nome, pode acolher tanta desigualdade e tanta injustiça.
Creio também que nenhuma democracia se dá bem com tanto "deixa-andarismo" e indiferença. Está pois na hora de correr o "desinstalador"...

2 comentários:

m´espanto às vezes, outras m´envergonho disse...

Boa Paulino.
Mas para mim o maior buraco é a justiça! Dos "engenheiros" aos "operários" deste país de tascas, sempre em obras.
Abraço Quim.

Carlos A. Augusto disse...

Obrigado Quim. Um abraço para ti também.