2011/08/02

O futuro de Coelho pode falhar

Ninguém tinha ilusões quanto à capacidade do governo poder controlar a bagunça que por aí vai, mas nunca pensei que o pior cenário se viesse a revelar de uma forma tão abrupta, tão rapidamente. Deste governo exigia-se que fosse como aqueles carros dos quais se diz que atingem os 100 km/h na casa dos poucos segundos. E que tivesse potência para aguentar, já nem digo ultrapassar, essa velocidade. Pelo menos enquanto durasse a gasolina.
As reacções ao aumento dos transportes vieram mostrar que vivemos num equilíbrio extremamente precário. Não as considero tímidas. A qualquer momento o "bólide" gripa.
Em breve, creio, os diversos poderes vão perceber que não basta verter lágrimas de crocodilo por causa da pobreza e repetir, sem convicção, que vivemos numa situação difícil e é portanto necessário fazer sacrifícios. Há um limite para tudo, até para a capacidade de tolerância dos portugueses e o governo parece ignorar que não tem margem de erro. Coelho, Portas e Cavaco estão a falhar.
Sem explicações aceitáveis para os inesperados aumentos e novos cortes, demonstrando de forma cada vez mais clara a falta de trabalho de casa que teria permitido começar cedo a trilhar novos caminhos e a rectificar claramente os erros de gestão mil vezes apontados ao PS, estamos à deriva. O governo parece o Breivik a acertar friamente nas vítimas impotentes, nas vítimas de sempre. Será que Coelho e o seu parceiro de coligação leram mesmo bem —mesmo bem!— os sinais que lhes foram transmitidos pelas eleições?
Se não se põe a pau o governo de Passos Coelho —que susbstituiu a desculpa com o governo anterior pela desculpa com a troika e o "fontismo"— caminha a passos largos para um aparatoso trambolhão.

Sem comentários: