2012/01/15

Eutanásia

O tema foi lançado por Manuela Ferreira Leite e penso que é oportuno e urgente organizar um intenso debate à sua volta. Não é a sustentabilidade do SNS que está em causa, é, de facto, um problema ético mais vasto que precisamos de discutir: deve ou não ser admitida a eutanásia?
Os comentários da deputada não foram, infelizmente, feitos no âmbito de uma sua qualquer iniciativa legislativa sobre esta matéria, mas é urgente que a iniciativa surja. Ela própria devia, coerentemente, fazê-lo.
Em Portugal o assunto não tem sido verdadeiramente discutido, as forças políticas que se reclamam do progresso e do futuro têm, pois, aqui uma oportunidade de ouro para tomar iniciativas legislativas e fomentar o debate, na falta de uma acção coerente da deputada. Manuela Ferreira Leite deu o mote, o tema é vital. Aproveitemos a ocasião.
Tenho uma particular curiosidade em saber o que sobre as recentes opiniões de MFL pensam a Igreja, os movimentos pró-vida e as associações de famílias.
A pergunta que devemos fazer —inspirada numa conversa que tive com o meu amigo S.P.— é muito simples: eutanásia, incluindo os hemofílicos descartáveis da sociedade, sim ou não?

4 comentários:

Silvestre Pedrosa disse...

O problema é que a questão de MFL e até mesmo do sociólogo A.Barreto consiste em considerar que a partir de determinada idade, julgo que 70 anos, quem tiver dinheiro, usufruirá de tratamento médico, quem não tiver,é para deixar morrer lá para um qualquer canto, onde não incomode as almas pias abundantes neste país. A questão da Eutanásia e do Suicídio assistido é um assunto bem sério a que MFL se calhar se oporá. Deixe-se morrer, longe da vista, mas jamais se ajude, quem quer, a morrer, o espírito cristão/católico opor-se-há com toda a energia.

Rui Mota disse...

Tão graves como as declarações da MFL foi o apoio táctico (?) da António Barreto que se limitou a condenar o desperdício na saúde e não teve a coragem de criticá-la. Uma vergonha, estes situacionistas actuais.
Já sobre a Eutanásia (que é uma questão completamente distinta) a sua discussão tem sido protelada devido à cultura católica dominante, o que não quer dizer que não venha a estar na agenda política, mais cedo ou mais tarde.
Uma coisa é o direito à assistência na saúde e outra é o direito a escolher a assistência na morte.

Carlos A. Augusto disse...

Não é distinto, Rui. O que a MFL sugeriu é eutanásia...!

Rui Mota disse...

Um "lapso freudiano", já a que mulher é católica e deve opôr-se á morte assistida. A eutanásia pressupõe o acordo do paciente, o que não é o caso...