2012/08/07

Quando a cor do tempo era vermelha

Chris Marker (1921-2012) morreu no passado 28 de Julho, dia do seu aniversário. Mais do que um documentarista, Marker era considerado pelos seus pares "um ensaísta do cinema". Foi escritor, jornalista, documentarista, artista multimédia e militante político. Ligado, desde sempre, às grandes causas, foi um observador atento e privilegiado de acontecimentos que marcaram o Mundo nos últimos cinquenta anos. Para quem acompanhou de perto as convulsões políticas das décadas de sessenta e setenta do século passado, episódios como a revolução cubana, a guerra do Vietnam, a morte de Che, Maio de´68, a Primavera de Praga, Watergate, o 25 de Abril ou a derrocada da URSS, são parte do nosso imaginário. Filmes como "Cuba Si!", "La Jetée", "Loin du Vietnam", "Le fond de l'air est rouge", "Sans Soleil", "Level 5", são hoje parte integrante do acervo documental dessa época. É impossível documentar a história do século XX em imagens, sem mostrar os filmes de Chris Marker. Esse será, provavelmente, o maior legado, ainda que os seus interesses se alargassem a outras áreas como a critica cinematográfica (foi colaborador dos "Cahiers du Cinema") e a militância política. Foi também um dos principais animadores do movimento dos cineastas da "rive gauche", agrupados no colectivo militante ISKRA, em Paris, onde viria a falecer. Associando-se às homenagens internacionais, o cinema Nimas, em Lisboa, organiza esta semana um ciclo dedicado a Chris Marker. Neste curto ciclo, podem ser vistos quatro das suas obras mais representativas. O primeiro e certamente o seu documentário político mais conhecido, "Le Fond de L'air est Rouge", passou ontem; prosseguindo a homenagem com "La Jetée" e "Sans Soleil" (hoje) e "Level 5" (amanhã), sempre às 21 horas. Para quem não possa assistir, ou queira rever os filmes, existe uma caixa da Atalanta com os últimos três títulos.

Sem comentários: