De todas as obras recentemente levadas a cabo na cidade, duas sobressaem pelo seu arrojo arquitectónico e fins a que se destinam, respectivamente à música e ao cinema. Estamos a falar do “Muziekgebouw” (que inclui a mítica “Bimhuis”, verdadeira meca do jazz internacional) e do edifício futurista “Eye” (a cinemateca local, situada na margem norte da capital holandesa). Ambos têm uma programação de excelência, sendo visitados por milhares de melómanos e cinéfilos diariamente, o que atesta da sua programação e do poder de compra médio dos locais. Lá fomos, numa noite ventosa e com alguma chuva à mistura, assistir a uma sessão de free-jazz , uma das tradições da “Bimhuis” de velhas recordações. A alma de Chet Baker ainda deve andar por lá (o trompetista viveu e morreu em Amsterdão), pois o concerto a que assistimos tinha uma secção de sopros de primeira água. O programa tinha como título “Carte Blanche Oene van Geel”. Van Geel é um virtuoso violinista local que tinha como convidados The Nordians Extended (ensemble ad-hoc de Amsterdão-Norte), Theo Loevendie (uma velha lenda do clarinete e do sax) e a magnífica cantora Nora Fischer. De realçar, ainda, um convidado indiano nas “tablas” e um convidado escocês na flauta e na gaita de foles, que ofereceram duas horas de verdadeiro prazer, num mix de jazz e músicas do mundo, de grande qualidade musical. No final, tempo para percorrer a excelente loja da “Bim”, onde se podem encontrar exemplares únicos de “standards” do Jazz e da World Music, muitos deles em Vinyl. Até a Amália Rodrigues se podia lá comprar. A noite não terminaria sem provarmos algumas “Palm”, cerveja castanha, de beber e chorar por mais... Outra visita, que se tornou um “must”, desde a sua inauguração em 2012, foi à Cinemateca, situada na margem norte do IJ, o lago que divide a cidade em duas margens distintas. O nome “Eye”, assim se chama o novo edifício, é um trocadilho entre a palavra “olho”, em inglês, e a palavra IJ, que se pronuncia de igual modo. Para além das 4 salas de projecções em simultâneo (duas das quais dedicadas a estreias de filme de autor). a nova cinemateca dispõe de salas de exposições permanentes e de uma loja de “gadgets” cinematográficos, que são uma verdadeira tentação para qualquer cinéfilo. A exposição temporária era dedicada a Federico Fellini e estava anunciada por toda a cidade. Trata-se de um projecto original do “Eye”, aqui apresentado em premiére mundial, que ocupa toda a parte superior do edifício. Durante duas horas, passámos em revista a vida e os filmes do genial realizador italiano, apresentadas em painéis bi-lingues, estrategicamente colocados. Para além dos dados biográficos e das notas sobre os filmes, a colecção tinha a particularidade de mostrar os “storyboards” desenhados por Fellini, um ilustrador de reconhecidos méritos. Completavam a mostra, excertos de alguns dos seus principais filmes: “I Vitelloni”, “O Sheik Branco”, “La Dolce Vita”, “8 ½”, “Julieta dos Espíritos”, “I Clowns”, “Roma”, “Amarcord” e “Casanova”, projectados em écrans de grandes dimensões, como estivéssemos numa sala de cinema normal. Um verdadeiro “happening” cultural, que tivemos o privilégio de ver, num espaço que recomendamos a todos os futuros visitantes desta cidade cinematográfica.
2013/09/26
Mesmo em crise, Amsterdão é uma festa (2)
De todas as obras recentemente levadas a cabo na cidade, duas sobressaem pelo seu arrojo arquitectónico e fins a que se destinam, respectivamente à música e ao cinema. Estamos a falar do “Muziekgebouw” (que inclui a mítica “Bimhuis”, verdadeira meca do jazz internacional) e do edifício futurista “Eye” (a cinemateca local, situada na margem norte da capital holandesa). Ambos têm uma programação de excelência, sendo visitados por milhares de melómanos e cinéfilos diariamente, o que atesta da sua programação e do poder de compra médio dos locais. Lá fomos, numa noite ventosa e com alguma chuva à mistura, assistir a uma sessão de free-jazz , uma das tradições da “Bimhuis” de velhas recordações. A alma de Chet Baker ainda deve andar por lá (o trompetista viveu e morreu em Amsterdão), pois o concerto a que assistimos tinha uma secção de sopros de primeira água. O programa tinha como título “Carte Blanche Oene van Geel”. Van Geel é um virtuoso violinista local que tinha como convidados The Nordians Extended (ensemble ad-hoc de Amsterdão-Norte), Theo Loevendie (uma velha lenda do clarinete e do sax) e a magnífica cantora Nora Fischer. De realçar, ainda, um convidado indiano nas “tablas” e um convidado escocês na flauta e na gaita de foles, que ofereceram duas horas de verdadeiro prazer, num mix de jazz e músicas do mundo, de grande qualidade musical. No final, tempo para percorrer a excelente loja da “Bim”, onde se podem encontrar exemplares únicos de “standards” do Jazz e da World Music, muitos deles em Vinyl. Até a Amália Rodrigues se podia lá comprar. A noite não terminaria sem provarmos algumas “Palm”, cerveja castanha, de beber e chorar por mais... Outra visita, que se tornou um “must”, desde a sua inauguração em 2012, foi à Cinemateca, situada na margem norte do IJ, o lago que divide a cidade em duas margens distintas. O nome “Eye”, assim se chama o novo edifício, é um trocadilho entre a palavra “olho”, em inglês, e a palavra IJ, que se pronuncia de igual modo. Para além das 4 salas de projecções em simultâneo (duas das quais dedicadas a estreias de filme de autor). a nova cinemateca dispõe de salas de exposições permanentes e de uma loja de “gadgets” cinematográficos, que são uma verdadeira tentação para qualquer cinéfilo. A exposição temporária era dedicada a Federico Fellini e estava anunciada por toda a cidade. Trata-se de um projecto original do “Eye”, aqui apresentado em premiére mundial, que ocupa toda a parte superior do edifício. Durante duas horas, passámos em revista a vida e os filmes do genial realizador italiano, apresentadas em painéis bi-lingues, estrategicamente colocados. Para além dos dados biográficos e das notas sobre os filmes, a colecção tinha a particularidade de mostrar os “storyboards” desenhados por Fellini, um ilustrador de reconhecidos méritos. Completavam a mostra, excertos de alguns dos seus principais filmes: “I Vitelloni”, “O Sheik Branco”, “La Dolce Vita”, “8 ½”, “Julieta dos Espíritos”, “I Clowns”, “Roma”, “Amarcord” e “Casanova”, projectados em écrans de grandes dimensões, como estivéssemos numa sala de cinema normal. Um verdadeiro “happening” cultural, que tivemos o privilégio de ver, num espaço que recomendamos a todos os futuros visitantes desta cidade cinematográfica.
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