Na última sexta-feira, começou a circular nas redes sociais, uma notícia sobre a eventual presença de Marine Le Pen (dirigente da extrema-direita francesa) na WebSummit, a maior feira mundial de empreendedores de plataformas tecnológicas que, pelo terceiro ano consecutivo, se realiza em Lisboa. O convite, teria sido feito pela organização irlandesa (sediada em Dublin), ao arrepio dos patrocinadores, a CML, o Turismo de Portugal e o ICEP, que acolhem e apoiam o evento com uma quantia estimada em mais de 3 milhões de euros.
Perante tal notícia, seguiu-se a natural estupefacção e reacções de repúdio, para além do silêncio dos organizadores e das instituições em questão.
No fim-de-semana, sem qualquer explicação, o nome de Le Pen, desapareceu da programação e, quando pensávamos tratar-se de mais uma "fake news" (destinada a dar publicidade ao evento), eis que surge o nome da francesa de novo, agora anunciada como oradora no painel principal de convidados.
Novos protestos, agora noticiados pela Comunicação Social. Da parte do governo e da autarquia, seguiu-se o silêncio total.
Perante o avolumar da indignação (como assim, convidar uma fascista para discursar num evento pago pelos portugueses?), o director da WebSummit, o irlandês Paddy Cosgrave, emitiu ontem um comunicado onde, de forma sonsa e chantagista, dizia que "caso o governo português se opusesse à presença de Le Pen, ele estaria disposto a aceitar a decisão, em respeito à vontade do povo português" (!?). Ou seja, remetia a responsabilidade para o governo do país que o convidou e pagou para ele organizar o evento em Lisboa!
Obviamente, que o PM português não pode exprimir-se explicitamente sobre um evento privado, ainda que a CML, o Turismo de Portugal e o ICEP - em tanto que patrocinadores do evento - possam e devam, ter uma opinião sobre este convite.
De novo, nada se ouviu.
Ontem, os baixo-assinados contra a presença de Le Pen, começaram a circular e um partido político (BE) chegou mesmo a pronunciar-se sobre o caso, denunciando o carácter fascista e racista da oradora, cujas mensagens de ódio são inclusive proibidas pela Constituição portuguesa.
Hoje, finalmente, o Paddy lá reconsiderou e anunciou o cancelamento do convite, dada a comoção gerada na sociedade portuguesa, que ele não deseja alimentar...É sempre comovedor ver empreendedores, que defendem a livre iniciativa e são contra a intromissão do estado, servirem-se do estado quando não querem assumir a responsabilidade dos seus actos.
De facto, para além da presença indesejável da criatura, não se percebe muito bem o que viria ela cá fazer, pois não consta do seu currículo ser uma "expert" em Web ou quaisquer outras plataformas tecnológicas. Já a sua ligação a redes neo-fascistas internacionais é por demasiado conhecida, pelo que dispensa apresentações. Fez bem o Paddy, pois ainda há quem tenha memória do Fascismo por estes lados...
Em conclusão: Le Pen, some-te!
Sem comentários:
Enviar um comentário