2021/05/05

"Frutos Vermelhos" (2): Toda a gente sabe, mas ninguém faz nada...


Não há inocentes nesta história. A situação é conhecida há décadas. 

A imprensa escreveu sobre a situação, as televisões fizeram reportagens sobre o assunto, os autarcas da região sabem, a GNR sabe, a PJ sabe, a ASAE sabe, o SEF sabe, o MAI sabe e "last but not least", o governo todo, sabe. Então? Porque é que esta situação nunca foi resolvida?      

Porque as propriedades agrícolas da região (estufas e não só) dão muito dinheiro a ganhar aos proprietários dessas herdades, que continuam a comprar e a aumentar o perímetro das explorações, muitas delas criadas em regiões protegidas, sob a capa de "PINs" (Projectos de Interesse Nacional) manhosos,  autorizados através de PDM alterados, com a conivência das autarquias locais. Tudo isto já foi dissecado ao longo dos anos e qualquer pessoa, que visite a região, vê e conhece a situação. Os responsáveis políticos também e "fecham os olhos", como é habitual num país "faz de conta" (o que não se vê não existe).  

Não fora a pandemia e a necessidade de criar um "cordão sanitário" no concelho de Odemira e tudo continuaria como dantes (quartel-general em Abrantes). Uns pândegos, estes gestores da coisa pública.

E agora? Será que os responsáveis (políticos e não só) vão tomar medidas efectivas para controlar os "engajadores" e os empregadores locais, que se aproveitam desta legião de ilegais há décadas, sem que sejam punidos por isso? Será que os imigrantes ilegais (fala-se em 6.000 pessoas, num universo de 13.000 trabalhadores), vão ser legalizados para poderem continuar a trabalhar na agricultura? Será que vão passar a ter direitos iguais aos nacionais? Será que vão poder aceder a habitações condignas e deixar de viver em contentores, divididos com 4 e mais pessoas, onde a promiscuidade é total e o alojamento é descontado no salário, pelos intermediários (máfias) que trazem estes imigrantes para a Europa? Pode ser que sim. Pouca gente acredita. 

Só mesmo os portugueses, que nunca resolvem nada em tempo útil e só "acordam" para os problemas quando são com estes confrontados, parecem estar surpreendidos. Deve ser por isso, que o primeiro-ministro, mandou 4 ministros (quatro!) para a região, "mostrar a cara e dar o corpo às balas". Passou por lá o ministro da Defesa (da Defesa?), o ministro da Administração Interna (um tonto, que culpa sempre os outros pelos seus erros), a ministra da Agricultura (que ninguém sabia que existia) e a Secretária de Estado, responsável pelo Território (que teve o desplante de declarar que a situação era conhecida há anos e que já foi muito pior...). Vê-se e não se acredita. Mas, onde é que esta gente vive?...

Tudo isto aconteceu nos últimos dias e continua a alimentar a discussão nacional, em todos os canais televisivos e debates sobre o tema. Afinal, toda a gente sabia e tem uma solução para o assunto. Extraordinário.

Logo agora, que Portugal ocupa a presidência da União Europeia e vai organizar uma cimeira no Porto, sobre "Coesão Social na Europa". Azar dos Távoras. Que fazer?

Sugiro ao Augusto SS que, durante a permanência dos líderes europeus no nosso país, alugue um autocarro e leve a Merkel, o Macron e a Von der Leyen ao Sudoeste Alentejano, ver as estufas. Até já tenho um título para a excursão: "Visite Odemira, a Idade Média a 2 horas de Bruxelas!". Sucesso garantido. 

Sem comentários: