2025/06/12

10 de Junho: o dia da "raça" está de volta...

Discurso de Lídia Jorge nas comemorações do 10 de Junho em Lagos (na  íntegra) - Sul Informação

Dois acontecimentos dominam as discussões e opiniões escritas esta semana. 

O primeiro, cronologicamente o mais badalado, foi o discurso de Lídia Jorge em Lagos. Já toda a gente teve tempo de o ler e comentar, sendo o seu elogio quase unânime. Através de Camões (et pour cause) a escritora utilizou a obra do poeta, para enaltecer as nossas virtudes e defeitos, através da História. Houve quem visse, naquele texto,  uma apologia do colonialismo de miscigenação (!?) e, até, um pedido de desculpa aos povos escravizados. (!?). Nada disso. Tratou-se, e bem, de desconstruir a ideia da "raça pura" construída pela ideologia do Estado Novo e, mais recentemente, recuperada pelo partido fascista no parlamento. Não perceberam nada do que foi dito ou, o que é pior, não quiseram perceber. Burros velhos não aprendem línguas. 

Porque o tempo não pára, no mesmo dia em Lisboa, um grupo de energúmenos agrediu diversos actores da companhia de teatro A Barraca, tendo um dos actores sido esfaqueado e recebido tratamento hospitalar. Resta acrescentar que, o bando de criminosos responsável por tal acto, é conhecido da polícia como pertencente ao movimento neonazi "Blood and Honour", com ramificações internacionais. Estes dados são conhecidos da polícia. 

Não há surpresas aqui. A extrema-direita (fascista) está em crescendo em toda a Europa e era uma questão de tempo até chegar a Portugal. Todas as "modas" chegam sempre mais tarde. Se em países mais desenvolvidos (e supostamente mais cultos) os movimentos fascistas chegaram ao poder (Itália, Países-Baixos, Áustria, Suécia...) porque é que não podiam cá chegar? 

Somos um país semi-analfabeto (42% de iliteracia funcional); pindérico (2 milhões de pessoas a viver abaixo da fasquia de pobreza, calculada em €672/mês); com níveis de corrupção generalizados (a começar pelo primeiro-ministro actual); "crente" (o Chega é uma "igreja" e Ventura o tele-evangelista de serviço); logo, estavam reunidas todas as condições para a chamada "tempestade perfeita". Foi agora e vai, provavelmente, piorar. 

Como se explica que a polícia conheça as imagens dos agressores dos actores de "A Barraca" (eu vi-as na TV) tenha identificado o agressor (que esfaqueou Adérito Lopes) e o tenha deixado sair em liberdade? E onde estão os protestos dos partidos dito democráticos, a começar pelo PS? A única explicação é a polícia estar infiltrada pelos fascistas do Chega (o sindicato "zero" é afecto aquele partido) e o restante corpo policial não ser respeitado, como sublinhou um especialista em segurança nacional... 

Ora, como sabemos, a criminalidade é maior num estado que seja fraco. Quanto mais desordem, melhor. O caos, é o "caldo" ideal para repressão. É nele, que germinam os "salvadores da pátria" e os demagogos como Ventura. Está em todos os livros sobre a matéria. Só não sabe quem não quer.  

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