2008/02/12

Timor

O que se passou em Timor continua sem explicação clara. Para além da névoa, subsiste, para mim, uma outra dúvida: o que pensam agora os portugueses de tudo isto?
Lembram-se, certamente, todos do que foi o movimento gerado em Portugal depois dos massacres em Díli e do que foi a reacção dos portugueses face às imagens que nos foram chegando através da televisão. Lembram-se, certamente, todos do movimento maciço que se gerou (parecia espontâneo!) na altura da discussão do assunto no Conselho de Segurança. Lembram-se, certamente, todos das fitas brancas nas antenas dos carros (ainda hoje há carros que as conservam).
Os portugueses pareciam ter encontrado à volta da causa timorense o pretexto para uma inesperada, alargada e quase impensável união. A causa timorense uniu os portugueses entre si e uni-os, de forma que pareceu desinteressada, a um povo sobre o qual, na prática, conheciam afinal muito pouco.
O que pensar de tudo isto agora? O que pensar daquele povo que parece não conseguir governar-se sozinho e que só encontra, aparentemente, um método para resolver os seus problemas? Onde está a "inocência" de Timor? Onde estarão os inocentes? Haverá inocentes em todo este processo?
Que "união" resta hoje à volta desta causa? Que imagem terão os portugueses dos timorenses neste momento? Que imagem subsiste das vítimas "inocentes" do "carrasco" indonésio, agora entregues a si próprios?

4 comentários:

Rui Mota disse...

É sempre mais fácil falar à "posteriori", mas, à excepção de Cabo-Verde, todas as ex-colónias portuguesas tiveram os mesmos problemas no pós-independência. Porque é que Timor-Leste havia de ser diferente? O que é diferente aqui é a atitude dos portugueses em relação a Timor. Somos nós que temos dificuldade em aceitar aquela violência. Para além disso, há interesses regionais que nos escapam e que não serão alheios ao que se passou. A mando de quem agiu Reinaldo dos Santos? Porque é que ele foi morto antes de Ramos Horta ter sido baleado? Como é possível Reinaldo ter andado a monte desde 2006 e ter um acampamento nas montanhas onde dava entrevistas à CNN e à SIC? Que fizeram as tropas da ONU e da Austrália para o prender?
Estas são algumas das questões às quais ainda ninguém respondeu...

xistosa, josé torres disse...

Há uns tempos, talvez um ano, disse numa tertúlia de amigos que os timorenses eram um povo de mercenários.
Vivem e sobrevivem das emoções.
Uns mandam, os outros revoltam-se, ninguém quer obedecer.
D. Ximenes Belo deve ter previsto o que ia suceder ...

Rui Mota disse...

Errata: onde se lê Reinaldo dos Santos deve ler-se Alfredo Reinado.

Carlos A. Augusto disse...

Sim, tudo o que envolve este processo é estranho... A questão que levantei não tem a ver com os timorenses mas sim com os portugueses. Ao contrário do que se passou em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, etc, os portugueses manifestaram um apoio estranho ao povo daquela ex-colónia. Digo-o na medida da qualidade dos sentimentos demonstrados e na forma como foram demonstrados.
Tanto mais estranho quanto Timor foi sempre um território, na pratica, desconhecido da generalidade dos portugueses, com execepção de uns quantos milicianos que lá tiveram de passar algum tempo...