Lembrei-me desta frase de Manuela Ferreira Leite (que o meu amigo Fernando Mora Ramos comentou esplendidamente no Público) quando assisti ao "filme" do sequestro no BES de Campolide. Sequestro a armar em produção "hollywoodesca" que veio a calhar que nem ginjas nesta "silly season"...
A definição hoje habitualmente aceite de música electracústica (aquela música feita de blips! e ploings! com que os vanguardistas dos anos 50-60 chocavam as audiências, feita de sons que são hoje banais em qualquer discoteca, telemóvel ou caixa registadora) é "qualquer coisa que sai de um altofalante"!
Pois, por analogia, poder-se-á dizer também que qualquer coisa que sai de um ecrã é cinema. Desde a presidente do PSD, aos sequestradores do BES. Estes quiseram tentar a produção própria, depois de terem certamente assistido a muitas produções vindas dos grandes estúdios Hollywood. Para acentuar o carácter de espetáculo, até a polícia ajudou à festa deixando cair uma grande cortina (negra!), certamente para ajudar algum espectador menos atento a sinalizar o final do espetáculo...
Saindo agora do ecrã, o que resta de tudo isto? Uma comunidade brasileira que sofreu um rombo brutal na sua luta por ganhar credibilidade junto dos indígenas, um jovem que terminou a vida antes de tempo, de forma inglória, outro que luta por uma vida que não vai nunca mais ter e um polícia-atirador que vai ficar a ter sonhos maus por muito tempo, por um acto que, ao contrário dos que se vêem nos filmes, terá certamente consequências medonhas para o seu autor. Os xenófobos exultam, aos jornais, às televisões e às rádios saiu-lhes a sorte grande e lá ganharam mais uns minutos à "seasonal sillyness".
O país terá de voltar agora ao debate sobre o Pontal. É tudo, já que a outra, se bem que diga que não é actriz, se está a guardar para a rentrée.
1 comentário:
Não, não é uma (boa) actriz. Ainda se fosse como a Bruni, a gente perdoava-lhe...mas, onde estão os grandes actores, hoje, em dia? Houvesse um Al Pacino dentro do BES e o "sniper" era obrigado a descer do telhado!
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