2009/09/28

Sacanas sem Lei

...é o título da última obra-prima de Tarantino, provavelmente o seu melhor filme à data. Optei por assistir à sua projecção enquanto aguardava pelos resultados eleitorais. Aventura magnífica, baseada numa ficção do autor, onde as citações, à história e personagens marcantes do cinema americano, são constantes. Para além do bom argumento (a good story, is a good story) realce para as magníficas interpretações de todos os actores, a excelente música - sempre soberba nos filmes de Tarantino - e a emoção (film is emotion) que, mais uma vez, é total.
Sem emoção, decorreram as eleições que, à excepção dos resultados do CDS, não provocaram grande "frisson". Como se esperava, o PS (ganhando) perdeu a maioria; o PSD (perdendo) nunca conseguiu arrancar da "pole position"; o BE mantendo o seu crescimento sustentado e a CDU que, mesmo descendo duas posições, subiu em votos e em deputados. Ou seja, perderam os partidos do "bloco central" e ganharam os partidos mais à direita e à esquerda do hemiciclo. Também aqui, poucas surpresas.
Difícil, mesmo, prevê-se a constituição do próximo governo que, não permitindo grandes variantes, pode durar ainda menos tempo do que a legislatura. De fora, parecem ficar as soluções PS/PSD e PS/BE/CDU. Restam, quanto a nós (politólogos de bancada) duas alternativas: um governo minoritário do PS, com acordos pontuais no parlamento; um governo de coligação PS/CDS, que garanta a maioria.
Importante neste cenário, poderá ser a posição de Cavaco Silva, cujas declarações aguardadas a qualquer momento, podem destabilizar todos os cenários propostos.
Uma coisa, no entanto, parece certa: os sacanas do costume, estarão agora mais escrutinados e não poderão continuar impunemente acima da lei.

15 comentários:

Carlos A. Augusto disse...

"Uma coisa, no entanto, parece certa: os sacanas do costume, estarão agora mais escrutinados e não poderão continuar impunemente acima da lei." Sem dúvida! É o tema que tento desenvolver no post acima.

Rini Luyks disse...

"Este governo não cairá, porque não é um edifício, sairá com benzina, porque é uma nódoa", Eça de Queirós. "O Conde de Abranhos" (manuscrito de 1879 ou seja há 130 anos, publicado postumamente em1925).

Hoje também vi os "Inglorious Bastards", brilhante renovação do conceito "spaghetti-western" de Tarantino. E onde é que ele vai buscar os actores!
Christoph Waltz (Coronel Landa), prémio Melhor Actor em Cannes, reconheci imediatamente como o mau da fita no episódio "Der Puppenmörder" ("O assassino de bonecas") da série austriaca "Kommissar Rex" (o cão, série fracamente copiada pela TVI com "Inspector Max"), repetida dezenas de vezes na SIC....
Na Wikipédia li que no início Tarantino quis dar esse papel a Leonardo diCaprio, Deus me livre!

Rui Mota disse...

Rini,
De facto, o Christoph Waltz é brilhante. Não me lembro dele na série austriaca, que via na Holanda. O diCaprio nunca poderia fazer aquele papel, mas não deixa de ser um grande actor. O mesmo se passa, de resto, com Brad Pitt e a sua caracterização de Aldo com pronúncia de Tenesse. Um Tarantino "vintage"!

Rini Luyks disse...

Concordo, Rui.
Só quis dizer que não imagino diCaprio como nazi.
Gostei dele em "Gangs de New York", por exemplo.

Brad Pitt, realmente só Tarantino podia "tirar" essa personagem dele!

Anónimo disse...

Este blogue virou pró-imperialista! Então agora até o implacável Rui Mota gosta duma qualquer americanice judaico-cristã?
Então vocês não vêm que aquilo é só propaganda ás máquinas de guerra americana e israelita? Pois é, depois queixam-se do "esmagamento cultural do império". O filme é execrável e o Tarantino (bushista convicto) mostra aqui, uma vez mais, que são os valores da violência gratuita e do belicismo que devem prevalecer. Ao nazi só lhe falta pôr a boina do Chavez...vão-se tratar!

Rui Mota disse...

Anónimo;
Não percebes nada de cinema e confundes a árvore com a floresta. Vai-te tratar!

Anónimo disse...

Eu não percebo nada de cinema? Mas é preciso perceber alguma coisa de cinema para ver um filme tão primário e tão de direita como o "Sacanas"? Vocês é que não percebem nada do mundo: o filme tem como objectivo, uma vez mais, a propaganda judia. Com o argumento escrito em pleno consulado de Bush, financiado por este e pelo capital judeu americano, o filme tem como ÚNICO OBJECTIVO a propaganda da máquina de guerra israelita. Não é por acaso que o Likhud já o adoptou como filme obrigatório em todas as escolas e colonatos, como o seu sucesso entre os sionistas fundamentalistas é impressionante.
Meus amigos: já dei para a indústria de cinema e de guerra judaico-americana.
Vejam mas é a cinematografia contemporânea do Irão, da Palestina, da Turquia ou da China. E depois falamos de cinema. E, já agora, saquem da net o fantástico filme de realizador venezuelano (pró-Chavez) Matias Hernandez chamado "El Caballo Cortez" e vejam o que é cinema a sério. Americanices? Já dei...

Rui Mota disse...

Anónimo,
O filme do Tarantino é uma paródia ao bom estilo do spaghetti-western, onde a guerra é entre "bons" e "maus". Que os maus sejam os nazis já faz parte da história...
Querer ver um "complot" sionista/Bushista por detrás do filme é uma interpretação possível, mas isso não tira brilhantismo à realização de Tarantino, sem dúvida uma dos realizadores mais marcantes do cinema americano da última década.
Sobre os cinemas de que fala (Irão, Palestina, Turquia, China, etc...) também os conheço, provavelmente bem melhor do que pensa. Visiono anualmente dezenas de filmes dos países que citou, em festivais internacionais, que nunca chegam a passar em Portugal...
Se não gosta do Tarantino, está no seu direito. Eu também não gosto do Manoel de Oliveira. E então?
O que é que o cú tem a ver com as calças?

Anónimo disse...

Bem, o Rui Mota começa a dar o flanco em relação ao complot sionista/tarantinista. Já não é mau e é um principio. Em relação á cinematografia que referi, ela acab por ser, nos circuitos independentes e festivaleiros, a mais divulgada. Por isso não me espanta que a conheça.Não é necessário ser cinéfilo, de resto. Em relação á nova cinematografia venezuelana, por exemplo, é que nada. E há outras, muito boas: a cubana, a mexicana, a tunisina, a finlandesa. E muitas outras. A ver só o "Kramer contra Kramer" ou o tarantino é que você não vai longe...

Rui Mota disse...

Anónimo,
Não há cinematografias boas ou más. Há filmes bons e maus. Esse deve ser o critério de análise, independentemente de quem realiza os filmes. O Tarantino poderá ser um reaccionário, mas sabe contar uma história em imagens. Essa é a essência do cinema. É por esse critério que eu me guio, seja em cinema, literatura ou música...
Primeiro a "obra", depois o autor.

Anónimo disse...

Isso não é nada. Você devia era ler os ensaios de Álvaro Cunhal sobre a Arte, ou o Adorno sobre a Estética.
Primeiro a obra e depois o autor? O que é isso? E o contexto social, e a História (dialéctica), e as lutas de classes? Vá, diga-me que isso também não existe...
E em relação às cinematografias, claro que não concordo consigo: obviamente que dentro delas há bons e maus realizadores, mas não era disso que eu falava, caramba. O que eu lhe dizia, é que há mais mundo para além dos USA, há mais cinema para lá de Holliwood. Era só isso.

Rui Mota disse...

Anónimo,
Se o Cunhal é o seu paradigma da teoria da Arte, nem precisa de dizer mais nada. Mas, quem lê Cunhal, não costuma ler Adorno, logo um dos dois autores deve estar a mais na sua biblioteca...
Que há mais mundo para além de Holywood, eu também já sabia. Isso não quer dizer que em Holywood não se façam bons filmes. Mutatis-mutandis: na China fazem filmes péssimos. E em Cuba, também...

Anónimo disse...

Eu sei que o Cunhal (e a luta antifascista) está fora das modas e que faz comichão a muita gente. Tal como o Marx, por exemplo...mas enfim. Se conhecesse Marx, talvez percebese melhor o que actualmente se passa no mundo. Mas é lá consigo. Cada um tem o Kramer ou o Tarantino que merece...
Quanto ao eu, se leio Cunhal já não posso ler Adorno e vice-versa, essa é uma tirada boa para a Coreia do Norte ou para o Amanidejhad. Agora para si?? Pense bem no que escreveu, homem, pense bem!! Então, se eu leio Marx, já não poso ler Keynes, se leio Pessoa, já não posso ler Saramago. Se leio a Biblia, nem pensar em ler o Corão. Se leio Eça, nunca poderei ler Lobo Antunes. Se leio o Público, já não posso ler o Diário do Governo.E se o leio a si, ainda posso ler a Margarida Rebelo Pinto?
A leitura, bom rapaz, não é a mesma coisa que o futebol, bom rapaz.

Rui Mota disse...

Anónimo,
Obviamente que quem lê Cunhal pode ler Adorno. Não é costume, mas é possível.
Sobre a "luta de classes", eu nunca afirmei que a dita terminou. O que provavelmente precisa é de um "up-grade", pois o modelo marxista está longe de responder aos desafios actuais. Pelo menos, o modelo marxista-leninista, que supõe uma "vanguarda esclarecida" (o partido) representativa do operariado revolucionário. Infelizmente, para os marxistas de diversas plumagens, as experiências do socialismo real não correrarm lá muito bem, pelo que têm agora de reeinventar o modelo se quiserem interpretar bem a realidade.
Esse é o desafio.
Mas, se não gosta do Tarantino e gosta de bom cinema, aconselho Terence Malick e o seu filme "Barreira Invisível" (Thin Red Line). E depois não venha dizer que não há bom cinema americano.

Anónimo disse...

Aqui, já estamos de acordo. Mas já vi, como é óbvio. Obrigado, de qualquer forma.