2009/11/25

Cinco dias noutra cidade

É sempre bom sair de Portugal. Ao contrário do meu companheiro de blogue que vê "potencialidades" portuguesas no futebol, a minha experiência do estrangeiro só confirma o atraso contínuo do nosso pais em relação às nações mais desenvolvidas da Europa. Esta é uma tendência de décadas e pode ser observada por simples observação empírica da realidade. As estatísticas, de que fala o Carlos Augusto, sublinham uma triste evidência: a de um país - o nosso - que no seu quotidiano dá cada vez mais sinais de pobreza em contraste com os sinais exteriores de riqueza de uns quantos. Basta um simples passeio pelo centro histórico de Amsterdão - cidade onde vivi 30 anos e que continuo a visitar regularmente - para nos apercebermos disso. Das pessoas às casas, do trato pessoal à eficiência dos serviços, tudo funciona melhor, num país com a superfície do Alentejo e uma das maiores densidades populacionais do Mundo. Sim, também lá há pobreza (relativa), corrupção (noticiada) e racismo (nem sempre disfarçado). Mas, a qualidade do quotidiano para os seus cidadãos é, sem dúvida, superior e o "stress" (eventualmente maior numa sociedade competitiva e inovadora como a holandesa) é compensado pela eficácia e pragmatismo de um estado que há muito compreendeu que do bem-estar da população depende um maior desenvolvimento do país. Dir-me-ão: é um país mais rico e por isso é mais fácil distribuir a riqueza. Certamente. Mas, à excepção do gás no mar do Norte, não se lhe conhece outras matérias-primas de relevo. O resto, a agricultura, a industria, o comércio e as novas tecnologias, são tudo produto do mesmo: mais educação e formação cívica numa sociedade onde a ética não é uma palavra vã. Também, por essa razão, há menos corrupção e a riqueza é mais bem distribuida. Parece simples, mas não é. Enquanto os portugueses - dos governantes aos governados - não conseguirem interiorizar os princípios básicos que devem reger uma sociedade mais justa e igualitária, a "face oculta" do nosso triste quotidiano não vai melhorar. Nem daqui a uma geração...

7 comentários:

Anónimo disse...

Talvez uns dez diasitos aqui por Lisboa lhe fizesse bem, caro Rui Mota. Apesar de tudo, é bem mais interessante do que Amesterdão, acredite. Apesar de tudo...
E há tanta gaja boa. Mas tudo gente jovem, mais para si e para a sua idade. E centros comerciais? Os melhores da europa! Na Holanda não tem nada como o Colombo ou as Amoreiras. Tire uns dias só para passear por lá. Força nisso.

Rui Mota disse...

É verdade que não há Colombos nem Amoreiras, na Holanda. Não se pode ter tudo.
Já quanto a gajas boas...

Anónimo disse...

Há gajas boas na Holanda? Bem dizia o Messias quando lá foi jogar com o Benfica em 68...

Rui Mota disse...

Em 68 não pode ser, pois estava lá eu. A primeira vez que o Benfica jogou na Holanda, depois da famosa final de 1962, foi em 1969 contra o Ajax e ganhou por 3-2. Foi em Dezembro, estava a nevar e "rapei" um frio de rachar. Bons tempos. Nessa altura, o Messias chamava-se Eusébio...

Rini Luyks disse...

Pior ainda, caro Rui, o Benfica ganhou em Amsterdam (como soletra sempre Rentes de Carvalho) por 3-1 e tudo parecia perdido para o Ajax. Só que depois os "nossos" ganharam em Lisboa, também por 3-1.
Jogo de desempate (ainda havia...) em Paris, Ajax a ganhar 3-0 no prolongamento... Aconteceu durante a minha aula de piano na escola de música que decorreu de uma maneira muito atípica, pois o outro professor de piano ao lado tinha um mini-radio e batia com força na parede-tabique cada vez que o Ajax marcava!
O Ajax até chegou à final, mas perdeu contra AC Milan por 4-1, ainda era cedo.
Mas os holandeses ganharam depois quatro taças seguidas: Feyenoord em '70, Ajax em '71, '72 e '73, belos tempos...

Rui Mota disse...

Rini,
Tens razão, foram 3-1 e não 3 a 2. Estava tanto frio que nem contei bem os golos...
Também me lembro bem do jogo de Paris. Apesar de tudo, grandes equipas. Para o Ajax ainda era cedo, para o Benfica começava o declínio, inevitável depois de uma década de sucessos.

Anónimo disse...

Senhores Rui e Rini: a conversa é sobre gajas e centros comerciais e vocês, sem qualquer justificação, desviam o tema para futebol.
Alé disso, gostava que o lagarto Rui Mota me explicasse a afirmação "para o Benfica começava o declínio". Declinio? Mas em quê? Só se tiver sido em ciclismo e xadrez...o SLB é, e continuará a ser eternamente, o maior clube do MUNDO!! Não há declinios, Mota, há é apitos dourados, roubalheiras, falcatruas, etc. , etc.. Hoje, para o SLB ganhar, tem que lutar no campo, na secretaria, na justiça, na Liga, na arbitragem, na politica, na sucata, tudo, mas tudo, controlado pelos caciques fascistóides do sporting e do fcp.
O resto é ficção.