2010/06/05

Os "mercados"

"Estranha modernidade esta que avança às arrecuas", escrevia o Subcomandante Marcos, há mais de 15 anos, num artigo chamado "A quarta guerra mundial já começou".
Ontem as bolsas cairam depois de se saber que, entre outros problemas, o emprego nos E. U. A. não cresceu o que se esperava. Estranha reacção esta: os investidores não investem, o desemprego mantém-se e esses investidores, que têm o poder de criar empregos, castigam as bolsas porque… o emprego não cresce!
Os estados que continuem com a tarefa de sustentar o desemprego, originado por uma crise criada, por sua vez, pela actuação dos investidores! Os estados que continuem a aumentar a sua "dívida soberana" para sustentar a "crise", diminuindo com isso as classificações das agências de "rating".
Agências de rating, essas instituições pardas que ninguém elegeu, mas que exercem um controlo fatal e total sobre os eleitos das democracias representativas, condicionando a vida dos eleitores. Agências de rating que estão fora do sistema democrático, incontroláveis e inimputáveis, cujos desaires, porém, os eleitores têm de pagar para não haver agitação sistémica...
Neste momento os "mercados" encontraram um negócio muito melhor do que investir para criar novos negócios que dêem origem a novos empregos: vender dinheiro mais caro aos estados para estes controlarem o défice provocado pelas desmandos…  dos "mercados". Um desenvolvimento que seguramente ilustra na perfeição o comentário do Subcomandante Marcos.
Está na hora de abandonar a fase do patriotismo primário e de explicar aos cidadãos o verdadeiro significado de expressões como "estado soberano" e "democracia". Não é questão de somenos nestes tempos de globalizações.

1 comentário:

Costa Gomes disse...

E o mais extraordinário é que se considera que esta é a economia que funciona e para a qual não existe alternativa!